A Colonial Pipeline, operadora de um enorme oleoduto vítima de um ciberataque no último fim de semana nos Estados Unidos, retomou a entrega de gasolina na maioria de seus terminais nesta quinta-feira, 13, mas a situação nos postos melhora muito lentamente.
Apesar dos avisos de autoridades e especialistas do governo, motoristas em pânico drenaram mais de 17 mil postos em todo o Sudeste, incluindo muitos que não teriam sido afetados pelo ataque hacker. Eles praticamente esvaziaram mais da metade dos postos de gasolina na Geórgia, Virgínia e nas Carolinas.
A Colonial Pipeline reiniciou as operações na quarta-feira à noite e informou que os mercados deveriam esperar a chegada do produto até o meio-dia desta quinta-feira após o que foi considerado o maior ataque cibernético conhecido nos EUA contra uma infraestrutura de energia. Mas a empresa sediada em Alpharetta, Geórgia, alertou que pode levar alguns dias até que os gargalos na cadeia de abastecimento sejam resolvidos.
Ao mesmo tempo, o presidente americano, Joe Biden, se pronunciou sobre a situação e disse que o pânico na compra só aumentará a escassez. Ele tentou tranquilizar o país de que a situação no Sudeste provavelmente será resolvida nos próximos dias. Embora o combustível de um oleoduto antes paralisado esteja "começando a fluir" novamente, disse Biden, muitas áreas "não sentirão os efeitos na bomba imediatamente".
O reinício "não é como acender um interruptor de luz", disse Biden, acrescentando que espera um "retorno à normalidade região por região começando neste fim de semana e continuando na próxima semana".
Os comentários de Biden ocorreram em meio a um feroz confronto político sobre como lidou com a situação. O governo lutou esta semana para conter a escassez, o que levou os republicanos a abrir uma nova linha de ataque contra ele em uma questão que há muito representa perigo político para o Partido Democrata, que controla a Casa Branca.
Na quarta-feira, Biden assinou um decreto com o objetivo de reforçar as defesas digitais do governo federal para se proteger contra ataques futuros como o que foi feito contra a Colonial Pipeline.
Ainda nesta quinta-feira, ele disse que o presidente russo, Vladimir Putin, não está relacionado ao ataque, realizado da Rússia, segundo Washington, mas que tratará do assunto com o líder do Kremlin em uma esperada cúpula.
Os EUA acreditam que uma organização criminosa com sede na Rússia atacou o oleoduto da Colonial com o "ransomware", programa de computador que infecta um sistema e exige resgate para devolver o controle a seu proprietário.
Quando questionado se Putin ou o governo russo estavam cientes do ataque, Biden fez uma pausa e disse: "Tenho certeza de que li o relatório do FBI com precisão e eles dizem que não estavam".
Segundo relatório da agência Bloomberg, a empresa teria pago US$ 5 milhões aos hackers, informação que contradiz a versão do jornal Washington Post, que por sua vez afirma que não teria pago nenhuma quantia para ter seus sistemas liberados.
<b>Alta demanda impacta preço </b>
Alguns sinais de melhora surgiram durante a noite em Atlanta, Charlotte e Raleigh, que estavam entre as áreas metropolitanas mais atingidas. Mas na manhã desta quinta-feira, mais de 70% das estações na Carolina do Norte permaneciam secas, e Estados tão distantes como Delaware e Kentucky estavam sentindo a crise artificial, de acordo com Patrick De Haan, analista de petróleo da GasBuddy. O abastecimento normal dos postos de gasolina pode demorar várias semanas, segundo De Hann.
Motoristas desesperados da Flórida a Maryland faziam fila em postos de gasolina para encher seus tanques e outros recipientes. O analista explicou que o pânico impulsionou a demanda pela gasolina e fez aumentar seu preço em mais de 11% nesta semana. A média nacional do preço do galão de gasolina (cerca de 3,8 litros) ficou em US$ 3,02, seu nível mais alto desde 2014, de acordo com a associação automotiva AAA.
A rede de oleodutos de 8,8 mil km, a maior dos Estados Unidos para produtos refinados, atende toda a Costa Leste dos EUA a partir de refinarias instaladas no Golfo do México. (Com agências internacionais)