O noticiário negativo em Brasília não dá folga e contamina o sentimento dos agentes na abertura dos negócios nesta segunda-feira, em que também a cautela dá o tom nos mercados internacionais. No front macroeconômico, a Pesquisa Focus do Banco Central mostrou deterioração na mediana das estimativas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2022, mesmo com simultâneo avanço nas medianas para a Selic. Com isso, os juros futuros cumprem nova trajetória de alta neste início de sessão.
Às 9h17, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subia a 8,395%, de 8,349% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2027 estava em 9,88%, de 9,824%.
O Departamento Econômico da Renascença DTVM lembra que, na cena doméstica, o desconforto com as múltiplas informações envolvendo o contexto fiscal e político-institucional permanece bastante presente, citando que no sábado, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que pedirá ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a instauração do processo de impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Há pouco, o Boletim Focus mostrou que a mediana para o IPCA do ano que vem, horizonte relevante da política monetária, subiu de 3,84% para 3,90%, enquanto a de 2021 atingiu 7,05%, de 6,88% na semana passada – a projeção atualizada nos últimos cinco dias já bateu em 7,12% (6,94% no Boletim anterior). Ao mesmo tempo, a previsão de Selic para o fim de 2021 e 2022 passou de 7,25% para 7,50%.
Diante de um cenário de pressões climáticas e de aceleração de curto prazo de combustíveis, o Banco Safra revisou a estimativa de IPCA de 2021, de 6,6% para 7,0%, e de 2022, de 3,3% para 3,5%.
Lá fora, dados da produção industrial e de varejo da China em julho decepcionaram, o que inibe o apetite ao risco nas Bolsas e alimenta a demanda nos Treasuries. Adicionalmente, na esfera geopolítica, o grupo radical islâmico Taliban voltou ao poder no Afeganistão, após a saída das forças americanas.
Na agenda, o IPC-S da segunda quadrissemana de agosto desacelerou a 0,82%, de 0,97% na primeira, o que não é suficiente para evitar abertura da curva.