Apesar de carregar diversas dívidas, a gigante imobiliária Evergrande crescia a um ritmo vertiginoso, o que dificultava o entendimento da situação financeira da empresa por estranhos. Uma combinação de reguladores financeiros, governos locais chineses, investidores ávidos por rendimentos e especialistas manteve os críticos afastados, mas foi à pressão de Pequim que a Evergrande não conseguiu resistir.
Segundo uma revisão dos registros financeiros, havia mais de US$ 300 bilhões em passivos totais, incluindo US$ 89 bilhões em dívidas. A incorporadora obscureceu seus passivos financeiros com arranjos de financiamento complexos e fez extensas recompras de ações, apesar dos níveis de dívida. Com isso, conseguiu impulsionar o preço das ações, tornando arriscado apostar contra elas.
A Evergrande poderia evitar o calote de sua dívida com vendas de ativos, injeções de capital ou um resgate do governo, embora o último pareça improvável. "Eu sabia dos sinais de alerta, é uma das empresas mais alavancadas que existem", disse um investidor de Hong Kong. "Mas era um dos títulos de maior rendimento do mercado."
Mesmo com os alertas vermelhos, a Moodys – assim como a S&P Global e a Fitch – só começou a rebaixar o rating da dívida da Evergrande neste verão, conforme piorava rapidamente a situação financeira da empresa. De acordo com um relatório de 2016 de Nigel Stevenson, analista da GMT Research, a Evergrande utilizou métodos de contabilidade incomuns para exagerar o valor dos seus ativos. "Muitos dos problemas aumentaram desde que escrevemos o relatório inicial", avalia ele sobre a situação atual da incorporadora. (FONTE: DOW JONES NEWSWIRES)