Em meio a temores no mercado financeiro de ingerência política na Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 1º de novembro, que a semana será de "jogo pesado" com a empresa, sem detalhar qual seria a estratégia do governo ao longo dos próximos dias. O chefe do Executivo ainda disse saber, de forma extraoficial, que a estatal fará um novo reajuste nos preços dos combustíveis dentro de 20 dias. "Isso não pode acontecer", afirmou sobre o novo aumento.
As declarações foram dadas a jornalistas na cidade italiana de Anguillara Veneta, onde o presidente recebeu o título de cidadão local. Para comparecer à agenda de caráter pessoal, Bolsonaro deixa de ir à COP-26, evento em Glasgow, na Escócia, que reúne os principais líderes do globo.
Questionado sobre o Auxílio Brasil, o presidente desconversou e disse que a prioridade, neste momento, é a disparada do valor dos combustíveis. "Essa semana vai ser um jogo pesado com a Petrobras. Porque eu indico o presidente. Quer dizer, tem que passar pelo conselho, não sou eu quem indicou, passa pelo conselho. E tudo de ruim que acontece lá cai no meu colo. O que é de bom, não cai nada em meu colo", reclamou Bolsonaro.
E acrescentou: "Uma notícia que eu dou pra vocês, eu tenho pressa, a Petrobras vai anunciar, eu sei extraoficialmente, novo reajuste daqui a uns 20 dias. Isso não pode acontecer."
Apesar de o governo ser o principal acionista da Petrobras, o presidente ainda disse que não se importa com o lucro da estatal repassado à União. "O que eu quero da Petrobras? Não quero no tocante aos rendimentos que a Petrobras dá para o governo federal, não me interessa esse recurso. Tenho conversado com Paulo Guedes ministro da Economia, nós queremos que isso seja revertido diretamente em diminuição do preço do diesel na ponta da linha", comentou.
Na última quinta-feira, a Petrobras informou lucro de R$ 31,14 bilhões no terceiro trimestre deste ano. "Vi muito rapidamente", limitou-se a responder Bolsonaro sobre o balanço da empresa.
Em uma insistência de retórica, o presidente ainda voltou a dizer que pediu ao ministro Paulo Guedes para estudar a privatização da Petrobras, e novamente jogou a alta dos combustíveis, que corrói sua popularidade, no colo do ICMS cobrado pelos governadores. "A minha contribuição eu já dei", afirmou.
Na sexta-feira, no entanto, Estados aprovaram, por unanimidade, resolução de congelamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado sobre os combustíveis por 90 dias, como forma de mitigar a disparada de preços do produto.