A expectativa da data para aumento nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) foi antecipada, e uma elevação na reunião de março da autoridade foi precificada, segundo a ata referente ao último encontro de política monetária do Fed, divulgada nesta quarta-feira, 16. De acordo com a publicação, dentre, consulta do Fed junto ao mercado aponta uma probabilidade de 70% de alta de juros no encontro de março, enquanto as perspectivas para a trajetória dos juros também foram elevadas.
A projeção mediana para o nível mais provável da faixa-alvo dos Fed funds no final de 2024 foi de cerca de 2%, semelhante a dezembro, aponta o documento. No entanto, os entrevistados atribuíram probabilidade de resultados em que o intervalo alvo se moveu mais do que o indicado pelo trajeto projetado, afirma.
Além disso, a ata aponta que a mudança de opinião sobre o provável caminho do balanço do Fed, ocorrida após a divulgação das atas do encontro de dezembro, pareceu afetar os rendimentos dos Treasuries de longo prazo. Os rendimentos reais muito avançados subiram ao longo do período, com grande parte do aumento após o lançamento da ata reunião de dezembro, nota o documento. A projeção mediana da pesquisa para o início do escoamento do balanço patrimonial foi deslocada para o terceiro trimestre deste ano, cerca de um ano e meio mais cedo do que nas pesquisas de dezembro.
Por sua vez, sobre o processo de tapering, a ata aponta que as reduções no ritmo das compras de ativos líquidos pelo Fed decorreu sem problemas até o momento e com os mercados de Treasuries e de títulos atrelados a hipotecas (MBS, na sigla em inglês) permanecendo estáveis.
<b>Ritmo de alta</b>
A maioria dos dirigentes do Federal Reserve espera um ritmo mais rápido de altas de juros que no pós-2015, de acordo com a ata da última reunião de política monetária da instituição. De acordo com o documento, em comparação com as condições em 2015, quando o Comitê iniciou pela última vez um processo de remoção da acomodação da política monetária, os participantes consideraram que há agora uma perspectiva muito mais forte de crescimento da atividade econômica, inflação substancialmente mais alta e um mercado de trabalho notavelmente mais apertado.
"Consequentemente, a maioria dos participantes sugeriu que um ritmo mais rápido de aumentos na faixa da meta para a taxa de fundos federais do que no período pós-2015 provavelmente seria justificado", diz o texto.
Mesmo assim, os dirigentes enfatizaram que o caminho apropriado da política monetária depende dos acontecimentos econômicos e financeiros, sendo que eles atualizarão suas avaliações sobre o cenário apropriado para a orientação da política a cada reunião. Dessa forma, eles destacam que é importante olhar para uma ampla gama de informações a fim de definir a política monetária.
<b>Riscos para atividade e inflação</b>
O staff do Federal Reserve sustenta que os riscos para a previsão atual de atividade econômica nos Estados Unidos "são de baixa", diante de incertezas no quadro, enquanto aqueles para a inflação "são de alta", segundo a ata da mais recente reunião de política monetária da instituição.
As leituras de inflação seguem elevadas e vários indicadores sugerem que as pressões sobre os preços se disseminaram ao longo do segundo semestre de 2021, avalia o staff. A inflação no exterior, por sua vez, continua a crescer, em grande medida puxada pelas altas nos preços de energia no varejo, por gargalos na oferta e, em alguns países emergentes, pelo avanço nos preços dos alimentos.
A ata também registra que o staff apontou para uma queda recente nos mercados acionários, com mudanças nas expectativas sobre o ritmo do aperto na política monetária, pressões inflacionárias globais e uma escalada nas tensões entre Rússia e Ucrânia.
O staff reviu em baixa em janeiro suas projeções para a atividade econômica, em comparação com dezembro, o que reflete uma forte alta nos casos da covid-19, com a variante Ômicron e a avaliação de que problemas na oferta demorarão mais tempo do que o previsto para se resolver.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deve ser bem mais fraco no primeiro trimestre, antes de que ele volte a ganhar fôlego mais adiante neste ano, conforme os casos do vírus diminuam e os problemas na oferta continuem a ser resolvidos, projeta a equipe do Fed.