Estadão

Ibovespa cai 0,57%, a 112,8 mil pontos, e cede 0,61% na semana

O Ibovespa acumulou nesta sexta-feira a primeira perda semanal desde o intervalo entre 3 e 7 de janeiro, quando havia cedido 2,01%, vindo a referência da B3 de retração de quase 12% ao longo de 2021. Depois da abertura negativa do novo ano vieram cinco semanas de recuperação, iniciada logo na seguinte, entre 10 e 14 de janeiro, quando o índice avançou 4,10%. Agora, com a perda de 0,57% nesta sexta-feira, aos 112.879,85 pontos, o Ibovespa recua 0,61% na semana em que aos 115,1 mil pontos, anteontem, obteve seu melhor nível de encerramento desde 14 de setembro. De lá para cá, em duas sessões negativas, retrocedeu 2,3 mil pontos, refletindo a aversão global a risco, com elevação do grau de incerteza sobre o que sucederá entre Ucrânia e Rússia.

Assim como ontem, as perdas em Nova York foram superiores às observadas na B3 na maior parte da sessão, ao final relativamente limitadas à faixa de 0,68% (Dow Jones) a 1,23% (Nasdaq). No mês, o Ibovespa ainda avança 0,66%, com ganho de 7,69% em 2022. O giro financeiro desta sexta-feira foi de R$ 31,4 bilhões, em dia de vencimento de opções sobre ações. Entre a mínima e a máxima do dia, o Ibovespa oscilou dos 112.701,12 aos 114.213,43, saindo de abertura aos 113.533,58 pontos.

Nesta última sessão da semana, prevaleceu a cautela associada a uma combinação de eventos: o teste com mísseis balísticos e intercontinentais a que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pretende assistir no sábado e o feriado de segunda-feira nos Estados Unidos pelo Dia do Presidente, data federal em que não haverá negócios com ações e títulos no país.

Assim, sem desdobramentos nas últimas 24 horas que contribuíssem para amenizar a fervura no leste europeu, os investidores compraram Treasuries, em busca de proteção, e venderam ações em Nova York – o dia também foi negativo na Europa e na Ásia, com destaque para Frankfurt (-1,47%) e Hong Kong (-1,88%). O dólar DXY, que o contrapõe a seis outras moedas de referência, teve alta moderada nesta sexta-feira.

Funcionários do governo dos Estados Unidos continuam a afirmar que esperam um ataque russo à Ucrânia nos próximos dias, o que pode envolver uma ampla combinação de caças, tanques, mísseis balísticos e ofensivas cibernéticas, com a intenção final de tornar a liderança do país impotente. Autoridades americanas afirmam agora que a perspectiva de evitar a guerra parece muito frágil, e acrescentam que a gestão Joe Biden continuará tentando manter a janela aberta para a diplomacia.

Pela manhã, a indicação de que o secretário de Estado americano, Antony Blinken, deve se reunir com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, na próxima semana, contribuía para alimentar a expectativa de que uma solução diplomática para o impasse sobre a Ucrânia ainda é possível, aponta em nota a Guide Investimentos. O acirramento da tensão entre os separatistas do leste e o governo ucraniano, com relatos de deslocamento de população e ataques pontuais como o que atingiu uma escola ontem, contribui para reforçar a narrativa de que um conflito aberto estaria próximo.

"A imprensa russa confirmou relatos da evacuação de moradores do leste da Ucrânia para a Rússia, e depois (as ações em NY) ficaram negativas após relatos sobre uma explosão em Donetsk", diz em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York. "Os EUA acreditam que o risco é muito alto de que a Rússia invada a Ucrânia e isso significa que Wall Street permanecerá nervosa até vermos uma grande desescalada, o que agora parece improvável. Os riscos de uma guerra regional estão crescendo e esse é um ambiente difícil para o apetite ao risco. Com os mercados de ações dos EUA fechados na segunda-feira para o Dia do Presidente, muitos investidores estão preferindo segurar o dinheiro devido à intensificação da situação na fronteira com a Ucrânia", acrescenta.

Depois de ter caído mais de 2% pela manhã, os contratos futuros do petróleo fecharam o dia em leve alta, com o Brent acima de US$ 93 por barril – Petrobras ON cedeu 0,64%, mas a PN obteve ganho de 0,61% na sessão. De acordo com a Reuters, um alto funcionário da União Europeia disse nesta sexta-feira que um entendimento entre EUA e Irã para reviver o acordo nuclear iraniano de 2015 está próximo, mas seu sucesso depende da vontade política dos envolvidos. Além da tensão no leste europeu, a aproximação de um acordo nuclear entre Irã e o Ocidente, com potencial para aumentar a oferta da commodity, tem afetado os preços do petróleo recentemente.

Em contraponto ao enfraquecimento de Petrobras, e do grau menor de dinamismo visto em Vale (ON +0,21%), as ações do setor financeiro, o de maior peso no índice, tiveram sessão positiva, com destaque, entre outras, para Banco do Brasil (ON +2,04%), Bradesco (PN +0,57%) e B3 (+0,49%). Na ponta do Ibovespa, Cielo (+12,30%), MRV (+2,73%) e BB (+2,04%). O mercado reagiu bem ao anúncio da Cielo de que sua subsidiária nos Estados Unidos assinou na quinta-feira, 17, contrato para vender a Merchant E-Solutions para a Sam I, subsidiária da Integrum Holdings, em transação que pode chegar a US$ 290 milhões. No lado oposto do Ibovespa, Rumo (-8,81%), Locaweb (-7,12%) e Natura (-5,65%).

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