O resultado das transações correntes ficou negativo em março deste ano, em US$ 2,764 bilhões, informou nesta segunda-feira, 25, o Banco Central. Este é o melhor desempenho para meses de março desde 2017, quando o saldo foi positivo em US$ 185,5 milhões.
Após o fim da greve dos servidores do BC, no início do mês, o órgão começou nesta segunda-feira a atualizar os dados do setor externo, mas as informações continuam defasadas, uma vez que, neste momento, já deveriam estar disponíveis as estatísticas até junho. O BC ainda não informou quando divulgará os dados de abril, maio e junho.
O número da conta corrente em março ficou dentro do levantamento realizado pelo <i>Projeções Broadcast</i>, que tinha intervalo de déficit de US$ 4,000 bilhões a superávit de US$ 1,500 bilhão (mediana positiva em US$ 400 milhões). O BC não divulgou na publicação das estatísticas de fevereiro a estimativa para o resultado do terceiro mês de 2022.
Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 6,109 bilhões em março, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 2,188 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 6,953 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 3,561 bilhões.
No acumulado do primeiro trimestre do ano, o rombo nas contas externas somou US$ 13,100 bilhões. A estimativa atual do BC é de superávit na conta corrente de US$ 4 bilhões em 2022. A projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
Nos 12 meses até março deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 23,538 bilhões, o que representa 1,41% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o menor déficit em proporção do PIB desde agosto de 2021, quando ficou em 1,40%.
<b>IDP</b>
Os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 7,581 bilhões em março, informou o BC nesta manhã. No mesmo período do ano passado, o montante havia sido de US$ 7,010 bilhões.
O resultado ficou dentro das estimativas apuradas pelo <i>Projeções Broadcast</i>, que iam de US$ 4,500 bilhões a US$ 13,114 bilhões, com mediana de US$ 6,500 bilhões. O BC não havia divulgado estimativas para o IDP do terceiro mês de 2022.
No acumulado do ano até março, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo somou US$ 24,133 bilhões. A estimativa do BC para este ano é de IDP de US$ 55 bilhões. A projeção foi mantida no Relatório Trimestral de Inflação de junho.
No acumulado dos 12 meses até março deste ano, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 51,249 bilhões, o que representa 3,08% do Produto Interno Bruto (PIB).
<b>Remessa de lucros e dividendos</b>
A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 4,981 bilhões em março, informou o Banco Central. A saída líquida é superior aos US$ 2,821 bilhões que deixaram no Brasil em igual mês do ano passado, já descontadas as entradas.
No acumulado do primeiro trimestre do ano, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 10,388 bilhões.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 1,966 bilhão em março, ante US$ 1,312 bilhão em igual mês do ano passado. No acumulado do ano até março, essas despesas alcançaram US$ 6,435 bilhões.
<b>Viagens internacionais</b>
A conta de viagens internacionais registrou déficit de US$ 648 milhões em março, informou o Banco Central nesta segunda-feira. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. No terceiro mês de 2021, em meio à onda mundial de contágios da variante Ômicron do novo coronavírus, o déficit nessa conta foi de apenas US$ 100 milhões.
O desempenho da conta de viagens internacionais em março foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 1,100 bilhão. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 453 milhões no período.
No acumulado do ano até março, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,362 bilhão. No mesmo período do ano passado, o déficit nessa conta foi de apenas US$ 167 milhões.
<b>Dívida externa</b>
A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em março é de US$ 328,992 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2021 terminou com uma dívida de US$ 325,440 bilhões.
A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 248,818 bilhões no terceiro mês deste ano, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 80,174 bilhões no fim de março.