A Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Procuradoria-Geral da República e a Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília requerendo acesso a eventuais investigações sobre institutos de pesquisa. Dois dias após o primeiro turno das eleições, o ministro da Justiça Anderson Torres anunciou que havia encaminhado à PF pedido de apuração sobre as empresas de pesquisa.
Quando fez o anúncio de encaminhamento de pedido de apuração à PF, Torres disse ter recebido representação que acusou "alguns institutos" de "condutas que, em tese, caracterizariam a prática de crimes". Em nota, o Ministério disse que "a divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa".
A Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa quer acompanhar as diligências e "colaborar com o esclarecimento de qualquer questão acerca das atividades de seus membros e associados". A entidade diz ter o "legitimo interesse em acompanhar as investigações e sustentar o descabimento de eventuais medidas cautelares".
A movimentação do ministro da Justiça se deu após o presidente Jair Bolsonaro dizer que o resultado do primeiro turno das eleições "desmoralizou" os institutos que fazem pesquisas eleitorais, uma vez que ele recebeu 43,2% dos votos válidos, sendo que resultados de pesquisas divulgados antes da eleição mostravam uma intenção de voto de 37%.
Pesquisadores ouvidos pelo <b>Estadão</b> dizem que não há explicação única para as divergências entre as pesquisas de intenção de voto divulgadas até a véspera do primeiro turno e os resultados das urnas no domingo. As hipóteses apresentadas incluem questões estatísticas, as metodologias dos levantamentos e mudanças no comportamento dos eleitores.
As diretoras do Datafolha, Luciana Chong, e do Ipec, Márcia Cavallari, principais institutos de pesquisa do País, atribuíram o fôlego do presidente a um possível voto útil no bolsonarismo na reta final do primeiro turno.