Quatro das cinco cidades alagoanas em que Jair Bolsonaro (PL) reverteu a vantagem sobre o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do primeiro para o segundo turno são governadas por prefeitos aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Os gestores de Jequiá da Praia, Flexeiras, Novo Lino e Satuba, que são correligionários ou de partidos da base de Bolsonaro, passaram a manifestar apoio à reeleição apenas no segundo turno.
Apesar de o petista ter vencido nas duas etapas do pleito em Alagoas, o avanço entre os dois turnos foi discreto: ele passou de 56% para 58%, acréscimo de pouco mais de dois mil votos. Bolsonaro conquistou 36,05% no primeiro turno no Estado e 41,32% no segundo – ou mais de 66 mil votos. Com isso, o candidato do PL venceu em 11 das 102 cidades alagoanas, ante sete no primeiro turno.
Além do apoio à reeleição de Bolsonaro no segundo turno, a presença de Lira foi constante nas redes sociais dos prefeitos. Em Satuba, cidade de pouco mais de 15 mil habitantes na Região Metropolitana de Maceió, o prefeito Diógenes Amorim (PP) fez campanha para Lira durante todo o primeiro turno e não se manifestou sobre a corrida ao Planalto. Na segunda etapa, o empenho foi revertido em apoio a Bolsonaro.
"A maioria dos municípios do Nordeste votou em Lula, por isso, achamos que a declaração de apoio a Bolsonaro poderia prejudicar os votos que pedimos para o nosso deputado (Lira)", disse Amorim. Ele estima que o presidente da Câmara tenha o apoio de 50 prefeituras alagoanas.
Em Flexeiras, na região da Mata Alagoana, a prefeita Silvana Pinto (PP) fez campanha no primeiro turno para Lira em suas redes sociais. A cidade recebeu a visita do correligionário em setembro. No segundo turno, Silvana se engajou na campanha pela reeleição de Bolsonaro.
<b>Orçamento Secreto</b>
As cidades em que houve virada de votos foram contempladas pelo orçamento secreto em 2021. Naquele ano, Paripueira recebeu R$ 3 milhões; Jequiá da Praia, R$ 2,5 milhões; Novo Lino, R$ 1,4 milhão; Satuba, R$ 2 milhões; e Flexeiras, R$ 2,8 milhões.
Em 2022, até agora, Satuba recebeu R$ 1,6 milhão das emendas de relator e Flexeiras, R$ 2,5 milhões, conforme consta no portal de execuções orçamentárias da Câmara. Procurado, Lira não respondeu à reportagem.