Estadão

Ibovespa perde mais de 3 mil pontos e vai a 104,5 mil pontos com especulações

Em menos de uma hora de pregão, o Ibovespa já perdeu quase 2.600 pontos, saindo do nível dos 107.500 pontos para os 104.961,65 pontos, na mínima, com recuo de 2,38%. Especulações de que ex-ministro e coordenador técnico do governo de transição, Aloizio Mercadante (PT), pode presidir o BNDES ou a Petrobras levam à aversão ao risco na B3, que destoa da leve alta dos índices futuros de ações norte-americanos.

As ações da estatal e do Banco do Brasil desabam, bem como as da Eletrobras, em meio a temores de revogação das leis das estatais via MP, destaca o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

Se isso acontecer, diz Laatus, as "estatais vão dar mais gasto ao governo e o BNDES vai trazer mais rombo fiscal."

Conforme relatório da XP Política, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve promover alterações na Lei das Estatais, como vem sendo dito por interlocutores do presidente eleito desde a campanha. A legislação, aprovada no governo Temer, é vista como obstáculo para nomeações no governo e também para a promoção das mudanças que o PT pretende fazer na Petrobras para ter maior flexibilidade nas decisões sobre política de preços.

Além deste temor, o nome de Mercadante para cargos ou do BNDES ou da Petrobras gera desconforto no mercado. Na semana passada, Mercadante reforçou a ideia do PT de ampliar a capacidade nacional de refino, para reduzir a exposição aos preços externos, o que é criticado por especialistas e agentes financeiros. Disse que "tentaremos abrasileirar preço do combustível no próximo governo", completou.

Caso vá para o banco de fomento, há o receio de que adote uma postura mais política do que técnica. "Na perspectiva do mercado, seria negativa a ida, pois remeteria muito à política do governo Dilma. Traz essa lembrança, na condução da política econômica como um todo", diz Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

Além disso, Pizzani destaque as preocupações dos investidores com novas altas de juros esta semana nos Estados Unidos, na Inglaterra e na zona do euro.

"Com juros mais altos, vai reduzir ainda mais o ritmo de crescimento global no ano que bem e consequentemente quem mais sente é o setor externo", diz o economista da CM Capital.

Na China, avalia, há dúvidas se a política zero de covid seguirá tão rígida ou se o governo vai de fato amenizar as ações.

Na sexta-feira, o principal indicador da B3 subiu 0,25% (107.519,56 pontos), mas caiu 3,94% na semana, em meio a preocupações fiscais, que têm distanciando as expectativas do mercado em relação a um início de corte da Selic.

"Sem um sinal claro do exterior, os ativos ficam à espera da tramitação da PEC na Câmara e seguem avaliando a formação do novo governo, em meio a especulações de nomes para compor a equipe econômica", cita em relatório o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

No Brasil, há o aguardo da votação da PEC da Transição, na quarta-feira, além de eventual anúncio de nomes que irão compor a equipe do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Hoje, embora a pesquisa Focus tenha deixado inalterada as projeções para a Selic até 2025, promoveu alta na expectativa para o IPCA em 2025, de 3,00% para 3,02%. "Apesar de ter sido uma revisão apenas marginal, indica uma desancoragem das expectativas, visto que a inflação de 25 entrará no horizonte relevante para política monetária apenas na segunda parte de 2023", alertam em nota Étore Sanchez e André Coelho, da Ativa Investimentos.

Diante de dúvidas sobretudo na seara fiscal, que pode afastar as expectativas de um começo de corte do juro básico brasileiro, deve ganhar mais atenção a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que sai amanhã, e o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), na quinta.

Às 11h43, o Ibovespa caía 2,73%, aos 104.584,34 pontos, após abertura aos 107.518,28 pontos e mínima aos 104.396,11 pontos, com recuo de 2,91%. Petrobras cedia 5,02% (PN) e 3,78% (ON)< apesar da alta do petróleo no exterior. Já Vale caía quase 3%, ainda na esteira do recuo do minério de ferro na China. Banco do Brasil tinha desvalorização de 3,37% e Elebrobras, de 2,28% (PNB) e de 3,54% (ON).

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