Estadão

Ibovespa limita perda do dia a 0,15%, aos 108,5 mil, com ações de commodities

O bom desempenho do índice de materiais básicos (+2,87%), que reúne ações ligadas a commodities, conteve as perdas do Ibovespa a 0,15% na sessão desta terça-feira, 27, em que fechou aos 108.578,20 pontos. Hoje, a referência da B3 oscilou entre mínima de 107.418,40 e máxima de 109.352,67 pontos, saindo de abertura aos 108.739,34 pontos. Ainda fraco nesta reta final de ano, o giro financeiro ficou em R$ 20,0 bilhões na sessão. No ano, o Ibovespa avança 3,58%, mas ainda cede 3,47% no mês de dezembro. Na semana, a perda está em 1,02% com as duas baixas diárias, após cinco ganhos seguidos que colocaram a alta acumulada na semana passada a 6,65%.

À tarde, o Ibovespa chegou a ampliar as perdas do dia à casa de 0,7% a 0,8%, com virada pontual em Petrobras para o negativo, mas tanto a ON (+0,67%) como a PN (+0,68%) regressaram ao azul e sustentaram o sinal no fechamento da sessão. O desempenho do índice também foi favorecido por Vale (ON +2,39%) e pelas siderúrgicas (Gerdau PN +4,97%, CSN ON +2,26%), que se mantiveram em alta na esteira dos sinais de reabertura da China – o que dá suporte aos preços do minério -, mesmo com evolução ainda preocupante da Covid-19 na segunda maior economia do mundo, grande consumidora de commodities.

Assim, além de Gerdau e de Vale, destaque também para Gerdau Metalúrgica (PN +4,61%, máxima do dia no fechamento) na ponta de ganhos do Ibovespa, com CVC (-7,20%), Via (-7,06%) e Méliuz (-6,40%) ocupando o lado oposto na sessão. Se o dia foi positivo para os materiais básicos, o índice de consumo fechou a terça-feira em baixa de 1,78%.

Ontem, a China detalhou como será feito o relaxamento das medidas de restrição, entre as quais o fim do rastreamento de pessoas que tiveram contato com infectados, fim das demarcações de áreas de risco de contágio, bem como, o já antes anunciado, fim da quarentena de viajantes que estiveram fora do país, observa em nota a Guide Investimentos, destacando também a proximidade do início de implementação das medidas, a partir de 8 de janeiro.

"Uma reabertura consistente da China em 2023 seria muito boa, traria bom suporte para os emergentes, não só ao Brasil. E temos situação vantajosa frente a outros emergentes, com relação à inflação e dívida. Apesar da recuperação vista na semana passada, em que a Bolsa andou bem com a aprovação de PEC desidratada, com prazo de um ano e não dois, os valuations aqui continuam muito depreciados", diz Felipe Moura, sócio e gestor de renda variável da Finacap Investimentos.

"Até que a PEC ficasse definida, o mercado esteve bem disfuncional, com os ruídos políticos resultando em muito prêmio de risco. E passou a melhorar na última semana, quando se teve um pouco mais de visibilidade", acrescenta Moura. Ele observa também que a baixa liquidez, em fim de ano sem novos gatilhos, dificulta tirar conclusões para o próximo mês, em que o futuro governo estará apenas começando. "O mercado continuará muito atento a esses movimentos iniciais", diz.

No noticiário doméstico, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta tarde que o martelo sobre o que o novo governo pretende fazer sobre a taxação dos combustíveis ainda não tinha sido batido. No fim da tarde, veio a confirmação, pela assessoria de Haddad, de que ele pediu ao atual governo que a desoneração de combustíveis não seja estendida. Desde cedo, circulavam informações de que a isenção determinada pelo governo Jair Bolsonaro, e prevista para terminar em 31 de dezembro, seria mantida por pelo menos 30 dias, por meio de medida provisória (MP).

Na B3, diferentemente das ações de commodities, o dia foi majoritariamente negativo para as de grandes bancos, à exceção de Bradesco ON (+0,61%) no fechamento. No segmento, destaque para Banco do Brasil (ON -3,32%), refletindo ainda a incerteza sobre quem ocupará o comando da instituição de crédito no próximo governo. Sem ainda conhecimento do nome do futuro presidente do banco, relatos dão conta de que Kátia Abreu, que encerrará o mandato de senadora em 2023, teria sido sondada pelo PT para assumir a diretoria de Agronegócios do BB.

Para Rafael Passos, sócio da Ajax Asset, os rumores em torno de nomes para o banco sugerem viés político "cada vez mais forte", o que "é muito negativo para os papéis ligados a estatais".

Em outro desdobramento do dia, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) reuniram-se no fim da tarde no hotel em que o petista está hospedado em Brasília, conforme o Broadcast Político. Como antecipado mais cedo, a senadora em fim de mandato confirmou a Lula que aceitará o convite para comandar o Ministério do Planejamento.

Lula pretende fazer o anúncio final da configuração final da Esplanada apenas na quinta-feira, a três dias da posse. Segundo apurou o Broadcast Político, apesar de importante nó ter sido desatado nesta tarde – a definição de Tebet para o Planejamento -, Lula ainda precisa resolver impasses que envolvem, por exemplo, questões partidárias internas, o que atrasa o fechamento do desenho do governo.

Assim como a expectativa para as estatais, "as nomeações para os ministérios continuaram no foco de atenção nesta semana", observa Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos. "O mercado não desgostou de Simone Tebet para o Planejamento, parece um nome mais ao centro. Mas ainda enxerga com algum ceticismo o quanto ela poderia trazer algo de diferente numa equipe econômica com peso mais político do que técnico, sinalizando que quer (o futuro governo) uma condução mais heterodoxa, o que traz certa desconfiança", acrescenta a economista.

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