Israel e grupos armados palestinos trocaram disparos de foguetes e mísseis na Faixa de Gaza nesta quinta-feira, 23, um dia depois que uma operação israelense na Cisjordânia deixou 11 mortos e mais de 80 feridos no ataque mais letal do exército desde 2005.
Os lançamentos de mísseis da Faixa de Gaza foram reivindicados pelo grupo palestino Jihad Islâmica, que pediu às "forças de resistência" que respondessem "sem hesitação" ao "maior crime cometido pelo exército israelense em Nablus". Israel respondeu com bombardeios aéreos contra o território, sob o controle do movimento islâmico Hamas desde 2007.
O exército de Israel afirmou ter interceptado cinco foguetes com a ajuda de seu sistema de defesa antiaérea. Em seguida, realizou ataques aéreos contra vários alvos em Gaza, incluindo uma instalação do Hamas. O complexo alvo do bombardeio, que também serviu de armazém de armas navais, situa-se junto a uma mesquita, um centro médico, uma escola, um hotel e uma esquadra da polícia, segundo informou a mesma fonte.
Esses bombardeios, que segundo as autoridades israelenses "danificaram significativamente as capacidades" do Hamas, foram realizados em resposta aos seis foguetes disparados horas antes do enclave e que soaram os alarmes antiaéreos nas cidades israelenses de Ashkelon, Sderot e a área ao redor de Gaza.
Em Gaza, pouco antes do amanhecer, os moradores ouviram o apito de uma saraivada de foguetes, aparentemente disparados em retaliação pela morte de 11 palestinos por fogo israelense um dia antes. Até agora, nenhuma vítima foi relatada em nenhum dos lados.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lamentou que a situação "no território palestino ocupado" seja "a mais explosiva em anos". A União Europeia pediu "todas as partes (para agir) para um retorno à calma e uma diminuição da tensão." A Jordânia disse que vai trabalhar "intensivamente com todas as partes" para acabar com a escalada de violência.
<b>Operação na Cisjordânia</b>
Uma operação militar na cidade de Nablus, um dos núcleos da resistência armada palestina no norte da Cisjordânia, deixou 11 palestinos mortos na quarta-feira, incluindo um menor, e outros cem feridos por tiros do Exército israelense. Esse foi considerado um dos dias mais letais de violência na área nos últimos anos. De acordo com as forças israelenses, a operação pretendia "prender suspeitos envolvidos em ataques" contra israelenses, que também planejavam novos ataques.
O exército israelense afirmou ter implementado uma "operação antiterrorista" na zona autônoma palestina durante a qual "três suspeitos procurados envolvidos em ataques armados e planejando ataques para o futuro imediato foram neutralizados".
As tropas israelenses mataram os três palestinos que procuravam: Hossam Aslim, Muhamad Fatah e Walid Dahil. Entre os mortos da operação, que provocou violentos distúrbios e tiroteios no centro de Nablus, estão seis militantes ligados a grupos armados locais, além de civis.
Na tarde de quarta-feira em Nablus, uma multidão, incluindo homens armados, compareceu aos funerais de nove das vítimas da operação israelense. Um décimo morto foi enterrado no campo de refugiados palestinos de Balata, nas proximidades. A última vítima, de 66 anos, morreu durante a noite por inalação de gás lacrimogêneo, segundo o Ministério da Saúde palestino.
Durante a operação, que durou quase quatro horas, pedras e artefatos explosivos foram atirados contra os soldados, informou o exército, especificando que nenhum deles ficou ferido. Pelo menos 82 pessoas foram hospitalizadas com ferimentos de bala, algumas em estado grave, disse o ministério palestino.
Mohamed Shtayeh, primeiro-ministro da Autoridade Palestina, qualificou o ataque como "terrorismo organizado" e afirmou que Israel busca transferir sua crise política interna para o conflito com os palestinos. Esses ataques se tornaram quase diários desde o final de março do ano passado, quando Israel lançou a chamada operação "Breaking the Wave" em resposta a uma série de ataques letais de palestinos ou árabes israelenses. (Com agências internacionais).