Duas alunas da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Jandaia do Sul (PR) morreram e mais de 20 pessoas ficaram feridas em um acidente entre um ônibus escolar e um trem, nesta quinta-feira, 9. De acordo com o Corpo de Bombeiros, no veículo escolar estavam 25 estudantes, entre crianças e adolescentes, três monitores e o motorista. O Hospital da Providência, de Apucarana (PR), unidade de referência mais próxima do local do acidente, recebeu cinco feridos graves.
Uma câmera de monitoramento registrou o momento do acidente, que aconteceu no cruzamento da Rua Presidente Kennedy, no bairro Vila Rica, com a linha férrea – que corta a cidade do norte do Estado. As imagens mostram o ônibus atravessando o cruzamento sem parar ou reduzir a velocidade. Do lado direito, há uma placa que sinaliza aos motoristas: "Pare, olhe, escute". No sentido contrário da via, antes da passagem do ônibus, o condutor de um veículo utilitário freou para a passagem do trem.
Com o impacto da batida, algumas vítimas foram ejetadas do ônibus, que foi arrastado por cerca de 30 metros pelo trem. A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa-PR) informou que equipes de toda a região foram mobilizadas para o acidente. Das 27 vítimas, as mais graves foram levadas para hospitais de Apucarana, Arapongas, Londrina, Maringá e Sarandi.
As alunas que morreram no acidente, Kimberly Caroline Ribeiro Pimenta, de 15 anos, e Maria Vitória Gomes Ferreira, de 11 anos, estão sendo veladas na manhã desta sexta-feira, 10, em Jandaia do Sul. Elas eram primas. No velório, o pai de Kimberly, Adriano Salenta Pimenta, contou ao portal <i>TN Online</i>, de Apucarana, que foi ao local do acidente e encontrou a filha morta.
"Cheguei na hora, tanto que saí procurando minha filha e achei ela naquela situação. É complicado", afirmou. Ele disse que a filha frequentava a Apae há mais de dez anos. Pimenta contou ainda que uma irmã e um irmão da sobrinha Maria Vitória também estavam no ônibus e foram internados por causa dos ferimentos.
<b>Motorista será afastado</b>
Segundo os bombeiros, quando as equipes chegaram para fazer o atendimento, o motorista do veículo não estava no local. Porém, ao prestar depoimento na delegacia de Jandaia do Sul, o motorista informou ao delegado que prestou socorro às vítimas, mas deixou o local pelo medo de ser agredido. Ele tem 43 anos e não teve o nome divulgado.
A Polícia Civil informou que ele alegou que não viu o trem se aproximando e que também não ouviu barulho. Ele, que estava acompanhado de um advogado, foi liberado pela polícia após prestar depoimento. Um inquérito foi aberto para investigar o acidente. O prefeito de Jandaia do Sul, Lauro Junior (União Brasil), afirmou ao <b>Estadão</b> que o motorista será afastado das funções até a conclusão da investigação.
"Ele é concursado da prefeitura e foi admitido em agosto de 2022. Fisicamente, me passaram que ele está bem. Agora é uma questão de investigação. Se for comprovada culpa, certamente também terá medidas administrativas. De antemão, já vai ficar afastado até acontecerem as investigações", explicou o prefeito.
Lauro Junior disse que vai continuar cobrando a concessionária Rumo, responsável pela linha férrea, por mais segurança nos cruzamentos. "O correto seria ter cancelas que se abaixassem com o trem se aproximando. O ideal mesmo era não ter passagem de trem nesses cruzamentos, mas a gente sabe que isso não é feito de um dia para o outro", disse.
Em nota, a Rumo lamentou o acidente, informou que acionou as equipes de atendimento e assegurou que o "maquinista acionou a buzina para alertar sobre a travessia". "Vale lembrar que, por ser uma composição de carga de grande escala, o trem pode levar até 500 metros para conseguir parar por completo após o acionamento do freio emergencial. Em apurações preliminares há indícios de que o ônibus não freou antes de cruzar a via férrea, apesar da sinalização existente e do acionamento da buzina pelo maquinista", afirmou.
O governo do Paraná e a Prefeitura de Jandaia do Sul decretaram luto oficial de três dias.