O Real Madrid se pronunciou oficialmente sobre o escândalo envolvendo o arquirrival Barcelona por suposta corrupção empresarial, que consistiria em pagamentos a Enríquez Negreira, ex-árbitro e vice-presidente da Comissão de Arbitragem da Espanha. Após reunião do seu Conselho Administrativo na manhã deste domingo, o clube de Madri emitiu um comunicado dizendo que "possui profunda preocupação com as graves acusações" e confirmou que dará prosseguimento ao processo quando o Ministério Público espanhol abrir para as partes prejudicadas.
"O Conselho Administrativo do Real Madrid C.F., na reunião realizada no dia de hoje (12/03), tomou conhecimento das graves acusações formuladas pelas autoridades fiscais de Barcelona contra o F.C. Barcelona, dois dos seus presidentes, Josep María Bartomeu e Sandro Rosell, e os ex-diretores Albert Soler e Óscar Grau, com base em potenciais infrações, entre outros, de corrupção no âmbito esportivo, no contexto das relações entre o clube com o antigo vice-presidente do Comitê Técnico de Árbitros, José María Enríquez Negreira", diz a nota.
"O Real Madrid manifesta a sua profunda preocupação sobre a gravidade do acontecimento e reitera plena confiança na ação da justiça e concordou que, em defesa dos seus legítimos interesses, comparecerá ao processo quando o juiz o abrir às partes prejudicadas", finaliza a nota do clube.
ENTENDA O CASO
O Ministério Público da Espanha está investigando o Barcelona por causa de pagamentos a um ex-dirigente de arbitragem do futebol do país, o que se enquadra no crime de corrupção empresarial contínua. O clube teria desembolsado 1,4 milhão de euros, equivalente a R$ 7,7 milhões, a José María Enríquez Negreira. O Barça confirmou os pagamentos, mas não citou os valores.
A denúncia afirma que o clube realizou um acordo verbal para que Negreira, então vice-presidente do CTA, realizasse ações para favorecer o Barcelona nas partidas do clube em troca de dinheiro. A investigação começou em maio de 2022 e os investigados podem receber até quatro anos de prisão, além de multas, dissolução do Barcelona e punições esportivas para o clube.
O caso veio à tona durante investigação sobre o pagamento de tributos à DASNIL 95 SL, empresa de Negreira, sobre o valor recebido ao longo desses três anos. Os valores não foram confirmados pelo Barcelona. Mas o clube publicou comunicado na quarta-feira, 22 de fevereiro, para reiterar os pagamentos.
"O FC Barcelona contratou no passado os serviços de um consultor técnico externo, que forneceu, em formato de vídeo, relatórios técnicos referentes a jogadores de categoria inferior na Espanha para a secretaria técnica do Clube", disse a diretoria do Barcelona, no comunicado.
O pagamentos foram interrompidos em 2018 pela diretoria de Josep Maria Bartomeu e, segundo o El País, os rendimentos da empresa de Negreira despencaram desde então. O ex-árbitro chegou a enviar ameaças de tornar do caso público para cobrar que o acordo fosse cumprido até o fim do mandato de Bartomeu.
O clube catalão argumenta que a prática é "comum" entre os times de futebol profissional. "Adicionalmente, o relacionamento com o próprio provedor externo foi ampliado com relatórios técnicos relacionados à arbitragem profissional, de forma a complementar as informações exigidas pela comissão técnica do time principal e da subsidiária, prática comum em clubes de futebol profissional."
O Barcelona informou que este serviço agora é realizado por um profissional do próprio clube. Ao jornal espanhol Marca, o ex-presidente do Barça, Josep Maria Bartomeu, reforçou que este tipo de serviço é recorrente no mundo do futebol. "Todos os clubes precisam de análises de partidas do ponto de vista da arbitragem".