Estadão

CPI do MST é protocolada na Câmara com apoio da bancada ruralista

Com o apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) protocolou na noite desta quarta-feira, 15, o pedido para que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as invasões de propriedades pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O requerimento atingiu 172 assinaturas, uma a mais que o necessário. A instalação depende agora de uma decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Na terça-feira, 14, o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), participou de um ato político no Salão Verde da Câmara em defesa da CPI. A bancada ruralista também apoiará requerimentos de urgência para a tramitação de projetos de lei que enquadram as invasões de terras produtivas como terrorismo e aumentam a pena para essas ações de grupos como o MST.

"O governo começou a condenar, no meu entender, ainda timidamente essas invasões. Mas existe, obviamente, o entendimento de que é um movimento político. Não vejo nada de vontade de reforma agrária nesses movimentos. É apenas um movimento estritamente político, para mandar recado para nós, para a sociedade e também para o governo. E o governo tem a responsabilidade de controlar seus aliados", disse Lupion ao Estadão Broadcast.

Os deputados Ricardo Salles (PL-SP) e Kim Kataguiri (União Brasil-SP) também haviam apresentado pedidos de CPI contra o MST, mas acabaram fazendo um acordo com Zucco para unificar as propostas.

O presidente da bancada ruralista disse que a Justiça determinou mais duas reintegrações de posse na Bahia, onde o MST invadiu terras produtivas, mas ressaltou que, mesmo assim, uma nova invasão ocorreu na segunda-feira, 13.

"A CPI tem o objetivo de descobrir de onde está saindo essa ordem. É um movimento organizado. Nós temos agora o mês de abril, que sempre tem aquela falácia, aquela barbaridade do Abril Vermelho. É capaz de eles aumentarem as invasões, e a gente tem que estar preparado para enfrentar isso", emendou o deputado.

Na semana passada, em entrevista exclusiva ao <i>Estadão/Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Lupion havia dito que as invasões do MST geraram "ruído" na tentativa de aproximação do agronegócio com o governo Lula. O deputado federal afirmou não concordar com a postura de mediação do conflito adotada pelo Executivo, mas reconheceu que houve uma mudança de tom de alguns ministros, que passaram a condenar os movimentos.

Tanto o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), quando o do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), compareceram à posse da nova diretoria da FPA, no dia 7, e condenaram as invasões.

À frente da maior bancada do Congresso Nacional, com 344 parlamentares, Lupion também defendeu a necessidade de haver "mínimas condições" de diálogo da FPA com o governo, para a construção de políticas públicas para a agropecuária, apesar das diferenças ideológicas com o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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