Estadão

Juros: DIs fecham próximos da estabilidade com sinal de menor inflação por Petrobras

Depois de passarem o dia em alta, diante da percepção de que a atividade econômica doméstica mais forte pode limitar o espaço para redução da taxa Selic, os juros futuros fecharam praticamente estáveis no pregão desta quarta-feira, 17. A informação de que a Petrobras poderá absorver oscilações de preços internacionais, sugerindo menos inflação à frente, acabou prevalecendo no fim da sessão, véspera de leilão de pré-fixados.

Na comparação com os ajustes anteriores, encerraram o dia em alta moderada os DIs para janeiro de 2024 (13,302% para 13,305%), janeiro de 2025 (11,698% para 11,720%) e 2027 (11,237% para 11,240%). O DI para janeiro de 2029 passou a sessão em alta, mas acabou virando na última meia hora de pregão e fechou em queda, de 11,536% para 11,530%. O spread entre os contratos para janeiro de 2025 e 2029, principal medida de inclinação da curva, caiu a -19,5 pontos-base, de -16,2 pontos no ajuste da véspera.

A percepção de que o Banco Central pode demorar mais para começar a cortar a Selic, hoje em 13,75%, foi o principal motor para o aumento dos juros futuros durante a maior parte do pregão nesta quarta-feira. Essa leitura foi reforçada pelo crescimento de 3,6% das vendas do varejo ampliado de março em relação a abril, acima da mediana (-0,5%) e do teto (1,0%) da pesquisa Projeções Broadcast.

"As pesquisas do IBGE para o setor de serviços e o varejo tiveram desempenho melhor do que o esperado em março e mostram que a atividade econômica desacelera mais gradualmente do que o antecipado", escreve o economista-chefe do Banco Fibra, Marco Maciel, em relatório. "Reforçamos nossa avaliação de que o BC manterá a Selic em 13,75% até o final do ano, dada a resiliência da economia e a inflação ao consumidor elevada."

Pouco antes das 17 horas, declarações do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reduziram o ritmo de alta das taxas. À GloboNews, Prates disse que a nova estratégia de preços permitirá que a estatal absorva parte das oscilações de preços internacionais sem repassá-las imediatamente aos consumidores. Com isso, haveria maior flexibilidade para a companhia negociar valores que considere mais competitivos para os combustíveis.

Entre analistas, a avaliação é que essa política sugere menos pressão inflacionária à frente, já que aumentos dos preços do petróleo se transformariam em uma redução da rentabilidade da Petrobras, e não em aumentos dos combustíveis. Na terça-feira, 16, a petroleira anunciou cortes de R$ 0,40 no preço do litro da gasolina, de R$ 0,44 no litro do diesel e de R$ 0,69 no quilo do GLP.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, atribui parte da abertura da curva mais cedo também à cautela do mercado com a tramitação do novo arcabouço fiscal na Câmara. O governo pretende aprovar a urgência para o projeto nesta quarta-feira. A votação só foi iniciada minutos antes do fechamento dos mercados domésticos.

"Sabemos que durante essa tramitação algumas alterações podem ocorrer e há até mesmo dúvidas com relação à celeridade da tramitação no Congresso, então há alguma cautela", diz a economista.

Ainda na etapa da manhã, declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também reforçaram no mercado a percepção de que os juros devem continuar em nível contracionista por mais tempo. Na abertura da conferência anual da autarquia, ele disse que o processo de desinflação deverá ser não linear à frente, devido à resiliência dos núcleos e à pressão de segmentos como serviços sobre o IPCA.

O aumento dos rendimentos dos Treasuries também ajudou a puxar a curva local, com altas entre 3,4 e 8,9 pontos-base nas taxas das T-Notes de dois, cinco e dez anos por volta do horário de fechamento dos mercados.

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