O presidente da França, Emmanuel Macron, convocou os países europeus a buscar maior independência em relação aos Estados Unidos quando o assunto é a defesa do espaço aéreo. A proposta feita por Macron nesta segunda-feira, 19, durante o discurso de encerramento de uma conferência em Paris, que reuniu ministros da defesa e outros representantes de 20 nações europeias.
As conversas incluíram armas antidrones e defesas contra mísseis balísticos, segundo organizadores franceses, que apontaram para o aumento da importância desses equipamentos a partir da invasão russa à Ucrânia. Entre os países presentes na reunião estavam Alemanha, Reino Unido e Suécia, nações vizinhas à Ucrânia, como Polônia, Eslováquia, Hungria e Romênia, além de representantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia.
Macron pressionou os fabricantes de equipamentos de defesa a construir sistemas militares independentes e realocar a produção no continente, além de pedir por padrões europeus aprimorados. "Por que temos que comprar dos americanos com tanta frequência? Porque eles padronizaram muito mais do que nós. E contam com agências federais que subsidiam a produção", afirmou o presidente francês.
A França tem sido abertamente crítica ao European Sky Shield, projeto criado no ano passado, liderado pela Alemanha e que conta com 17 nações europeias – mas não com a França – e visa a ser integrado no sistema de defesa da Otan. O governo francês acredita que a iniciativa não preserva a soberania europeia, porque é baseada no uso da indústria dos Estados Unidos e de Israel. Espera-se que o European Sky Shield conte com o sistema israelense Arrow 3 e seja baseado em capacidades já existentes de mísseis Patriot, dos Estados Unidos.
O tema da defesa tem provocado atrito entre os dois países, com a França apontando que a Alemanha não fez esforços na área durante anos, até que a Guerra na Ucrânia levou Berlim a anunciar um aumento nos gastos com militares. Macron ainda apontou para o fato de o sistema antimísseis Mamba, desenvolvido pela França em parceria com a Itália, "estar agora sendo utilizado na Ucrânia, protegendo instalações-chave e salvando vidas".