O dólar recuou ante rivais fortes, após acumular ganhos por seis pregões consecutivos, com o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA consolidando expectativas de pausa no aperto do Federal Reserve (Fed) e ameaça de paralisação das atividades do governo americano. Entre emergentes, o peso mexicano ampliou valorização sobre a moeda americana, após manutenção de juros do BC do México lida como "hawkish", enquanto o dólar blue disparava contra o peso argentino, diante de incertezas eleitorais.
No fim da tarde em Nova York, o euro tinha alta a US$ 1,0565 e a libra avançava a US$ 1,2197. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou queda de 0,41%, a 106,224 pontos.
Analistas apontam que o rali do dólar foi interrompido nesta quinta-feira, em meio a ponderações sobre a política monetária do Fed. Hoje, o crescimento menor do que o esperado do PIB dos EUA consolidou expectativas de que o BC americano manterá os juros no nível atual até o final deste ano, segundo monitoramento do CME Group.
Para a Capital Economics, os mercados já descontaram demasiadamente a política do Fed de taxas elevadas por mais tempo e projetam que "o diferencial de juros, driver principal do rali do dólar" deve se voltar contra a moeda americana nos próximos meses. "Se estivermos certos e a economia dos EUA desacelerar e o sentimento de risco deteriorar, o dólar terá uma vantagem de curto prazo, mas deve cair eventualmente à medida que o Fed relaxar sua política mais rápido do que os mercados esperam no momento e a economia global se recuperar", prevê a consultoria.
Já o Bannockburn aponta que a crescente ameaça de uma paralisação nas atividades do governo federal dos EUA impulsionou uma liquidação nas posições do dólar, enfraquecendo a divisa diante de todas as moedas do G10.
Em relatório, a Convera avalia que uma possível intervenção do iene também pode ajudar a interromper o rali da moeda americana, e projeta que autoridades japonesas devem intervir no mercado de câmbio para limitar volatilidade excessiva apenas quando os juros estiverem no seu pico. No horário citado, o dólar recuava a 149,23 ienes.
Entre emergentes, o dólar blue disparava a 790 pesos argentinos no horário citado, segundo o <i>Ámbito Financeiro</i>, em meio ao aprofundamento de incertezas políticas, perto do primeiro turno eleitoral. Diretora de comunicações do Fundo Monetário Internacional (FMI), Julie Kozack alertou hoje que a situação da Argentina ainda é muito "complexa" e disse que as medidas anunciadas pelo governo recentemente ampliam os desafios. Kozack comentou ainda sobre o plano de dolarizar a Argentina, proposto pelo candidato ultraliberal Javier Milei, e disse que isso exige "passos preparatórios importantes", não substituindo a necessidade de políticas macroeconômicas sólidas.
Por outro lado, o dólar caía a 17,5706 pesos mexicanos. A divisa emergente ampliava valorização contra a moeda americana seguindo decisão do BC do México de manter sua taxa de juros em 11,25% e alertar para prolongação de pressões inflacionárias. Em nota, a Capital Economics avaliou que a autoridade monetária demonstrou tom "hawkish" no comunicado e deve ser o último dos BCs da América Latina a cortar a taxa básica, apenas em fevereiro de 2024.