Estadão

Ibovespa emenda 3ª alta, avançando na semana (+0,48%) e no mês (+0,71%)

Com o reforço da aversão a risco ao longo de setembro, sobretudo após o dia 20, quando o Federal Reserve manteve a orientação hawkish para a política monetária dos Estados Unidos, o Ibovespa precisou esperar a última sessão do intervalo para definir o sinal do mês, positivo.

Em alta pela terceira sessão nesta sexta-feira, o índice da B3 subiu 0,72%, aos 116.565,17 pontos, na contramão de dia majoritariamente negativo, entre perda de 0,47% (Dow Jones) e leve ganho de 0,14% (Nasdaq), em Nova York. Dessa forma, o Ibovespa obteve ganho no mês, de 0,71%, quase idêntico ao da sessão, que encerrou semana de variação também contida (+0,48%). No ano, o Ibovespa avança 6,22%, vindo de perda de 5,09% em agosto. O giro, hoje, foi de R$ 20,1 bilhões.

O índice da B3 havia iniciado o terceiro trimestre, no fechamento do dia 3 de julho, aos 119.672,78 pontos, tendo encerrado junho aos 118.087,00 pontos. Entre abril e julho, o Ibovespa encadeou apenas ganhos, até a correção de agosto e ao que pode ser visto como uma pausa, agora, em setembro. Após ter cedido 7,16% no primeiro trimestre, com perdas acumuladas em fevereiro (-7,49%) e março (-2,91%), no que foi seu pior trimestre de abertura de ano desde 2020, o Ibovespa teve boa recuperação no intervalo abril-junho, quando avançou 15,9%, puxado em especial pelo salto de 9% em junho, que colocou o primeiro semestre no positivo (+7,61%).

Agora, encerrada a primeira metade do segundo semestre, o Ibovespa volta a mostrar perda trimestral, de 1,28%, após ter começado bem o intervalo, com ganho de 3,27% em julho.

Na moeda americana, o Ibovespa fechou setembro a 23.188,74, um pouco mais barato do que no encerramento de agosto, quando mostrava 23.376,98 pontos, mês em que, além da retração de 5,09% para o índice de ações nominal, houve avanço de 4,69% para o dólar frente ao real – em setembro, tais variações ficaram, respectivamente, em +0,71% e +1,53%, com o dólar, de volta a R$ 5, em alta mais forte do que a do índice de ações no mês.

Nesta sexta-feira, o sinal positivo do Ibovespa foi assegurado, em especial por Vale, a ação de maior peso individual no índice, com alta de 1,32% para a ON no fechamento – no mês, a mineradora subiu 3,84%, em ganho aparado por perda de 0,62% na semana. Eletrobras ON e PNB também foram bem na sessão, em alta, respectivamente, de 1,65% e 1,51%. Na ponta do Ibovespa, destaque para Grupo Casas Bahia (+6,78%), papel muito pressionado em sessões anteriores, resultando em perdas, no mês, na casa de 50% e, no ano, de quase 74%. No lado oposto do índice nesta sexta-feira, CVC (-3,02%), Natura (-2,22%) e CPFL (-1,61%).

Com o petróleo, assim como ontem, aparando os ganhos da commodity na semana e no mês, Petrobras ON e PN ensaiavam dia misto, mas ganharam fôlego em direção ao fechamento, conferindo ímpeto extra ao Ibovespa, com a ON em alta de 1,01%, na máxima da sessão no encerramento, e a PN, de 0,55%. Tanto a semana (ON +2,02%, PN +1,79%) como o mês (ON +9,70%, PN +8,45%) foram positivos para as ações da empresa, com o petróleo tendo operado no intervalo nos maiores níveis de preço em mais de um ano.

Em Nova York, os principais índices de ações fecharam a sexta-feira sem sinal único, acumulando perdas na semana à exceção do Nasdaq (+0,06% no intervalo). Com os rendimentos dos Treasuries em nível elevado, o mês foi bem negativo para as três referências de ações, em especial para o índice de tecnologia, que acumulou queda de 5,81%. Dow Jones cedeu 3,50% e S&P 500 caiu 4,87% em setembro.

"Os juros de mercado nos Estados Unidos estão em patamares não vistos desde a crise global de 2007, uma alta que pressiona o câmbio por aqui, com o dólar acima de R$ 5 contribuindo para um certo grau de risco na nossa Bolsa, que fechou a semana praticamente no zero a zero", diz Marco Prado, CIO da BullSide Capital.

O destaque da agenda nesta última sessão da semana foi a leitura sobre a inflação ao consumidor nos EUA, pelo PCE, considerada a métrica preferida do Federal Reserve para monitorar a evolução dos preços na maior economia do mundo. O PCE teve alta de 0,4% em agosto ante julho, abaixo do consenso para o mês, de alta de 0,5% conforme levantamento da FactSet.

"O cenário ainda exige cautela. As projeções do Fed apontam para juros mais elevados ao longo de 2024, o que ainda pode pesar sobre o mercado. Outros fatores, como a continuidade das greves nas montadoras nos EUA e os preços elevados do petróleo, contribuem para que os receios em relação ao futuro da inflação ainda permaneçam", aponta a Toro Investimentos, em relatório.

Apesar das incertezas globais, o mercado financeiro continua otimista quanto ao desempenho das ações no curtíssimo prazo, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 50% esperam alta para o Ibovespa e 37,50%, estabilidade, enquanto 12,50% preveem baixa. Assim, a expectativa por queda voltou a aparecer, após ausência nas três pesquisas anteriores. No último Termômetro, havia divisão entre ganho (50,00%) e variação neutra (50,00%).

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