Alunos das faculdades de Direito, Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) decidiram sair da greve que paralisa as atividades acadêmicas da instituição desde 20 de setembro. As unidades fizeram uma assembleia na noite da terça-feira, 10, horas depois da reitoria entregar uma carta com mais de 20 compromissos que pretende assumir com base nas demandas apresentadas pelos manifestantes nas últimas semanas.
As duas unidades se juntam à Faculdade de Odontologia, que também já tinha decidido suspender a paralisação na última segunda, 9, e o retorno de atividades clínicas, laboratoriais e teóricas do curso. Segundo o Diretório Central Estudantil (DCE), o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) também encerrou a greve, mas a reportagem não conseguiu contato com a unidade.
Entre os compromissos apresentados pela reitoria, estão a contratação de 1.027 professores, aumento no número de bolsas de permanência para estudantes de baixa renda, a garantia de que a USP não vai fechar nenhum curso em virtude da falta de docentes, a construção de uma creche no câmpus da USP Leste, além da promessa de que nenhum manifestante vai sofrer represálias por participar da greve.
"Então, vamos voltar às aulas, às pesquisas e às nossas rotinas, é isso que a sociedade espera de nós", disse o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti, em pronunciamento na terça.
O centro acadêmico XI de Agosto, do curso de Direito, confirmou à reportagem que os alunos definiram pelo encerramento da greve e também pela desmontagem dos piquetes que impediam o acesso ao prédio da faculdade, que fica no Largo São Francisco, no centro da capital paulista. As aulas na unidade devem retornar na próxima segunda-feira, 16, após o feriado.
Com 162 votos contrários à continuidade da greve e 111 favoráveis (e 3 abstenções), os alunos da Faculdade de Economia, Administração, Ciências Contábeis e Atuárias (FEA) também decidiram encerrar as paralisações. "Continuemos mobilizados para que possamos garantir avanços nas reivindicações", escreveu o Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC), que representa a faculdade, em suas redes sociais.
Já os estudantes de Letras votaram, também em assembleia, pela permanência na greve e seguem paralisados até segunda ordem, disse Amanda Coelho, do Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários Oswald de Andrade (CAELL). "Faremos uma nova assembleia de curso na terça que vem", disse.
Uma assembleia geral convocada pelo Diretório Central dos Estudantes da USP, reunindo os graduandos de todos os cursos, está marcada para noite desta quarta, 11.
<b>Professores</b>
Também na terça, os professores da USP se reuniram em uma assembleia geral e votaram para sair da greve. A categoria, em carta endereçada à reitoria, diz que reconhece os avanços conquistados nas negociações, como a contratação de 1.027 professores, e de que a universidade não vai fechar nenhum curso em decorrência da falta de docentes.
Mesmo assim, eles reafirmaram o apoio aos estudantes e defenderem a continuidade de mobilizações para assegurar que a reitoria vai cumprir com as promessas apresentadas.