Estadão

Dólar tem leve queda com exterior em pregão marcado por cautela pré-feriado

O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 11, em queda de 0,13%, cotado a R$ 5,0498. Houve algumas trocas de sinal ao longo da sessão, com a moeda oscilando entre mínima a R$ 5,0288 e máxima a R$ 5,0709, mas a tendência de baixa foi predominante, em mais um dia de queda das taxas longas dos Treasuries e perda de força da moeda americana em relação a divisas emergentes. Operadores notaram clima de cautela nas mesas de operação, com pouco apetite para apostas mais contundentes na véspera do feriado de Nossa Senhora Aparecida.

Os mercados locais estarão fechados na quinta, quando haverá divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de setembro nos EUA, o que pode mexer com as apostas em torno da condução da política monetária norte-americana. Há também as incertezas relacionadas aos desdobramentos da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas, que, por ora, não afetam a oferta de petróleo. As cotações da commodity voltaram a cair nesta quarta, com o contrato do tipo Brent para dezembro em baixa de 2,08%, a US$ 85,82 o barril.

Divulgada à tarde, a ata do encontro mais recente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) não trouxe novidades. A inflação desacelera, mas segue muito da meta, com a economia mostrando mais resiliência do que se esperava. A maioria dos integrantes do BC norte-americano concorda que os juros devem permanecer em níveis restritivos por algum tempo.

Nos últimos dias, dirigentes do Fed têm sinalizado que não haverá alta adicional da taxa básica dos EUA em novembro, ao mencionar desaceleração do núcleo de inflação e aperto indireto provado pelo nível das taxas dos Treasuries. Monitoramento da CME mostra que as chances de manutenção dos juros em novembro saltaram da casa de 86% na terça-feira para mais de 94% nesta quarta-feira após a ata.

Na visão do economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, a ata não trouxe novidades e os discursos recentes de integrantes do Fed mostram "maior conforto" com manutenção dos juros.

"Os números do índice de inflação ao consumidor que serão divulgados amanhã devem ser fundamentais para recalibrar as expectativas, sem falar nas incertezas do novo cenário geopolítico, que ainda não teve muito efeito nos mercados", diz Igliori. "De qualquer forma, parece que a discussão vai mudar em breve. Em vez de nos preocuparmos com o nível máximo das taxas de juros, passaremos a discutir em que momento elas poderão passar a cair."

Mais cedo, o diretor do Fed Christopher Waller defendeu que o BC norte-americano mantenha uma postura dependente de dados, mas observou que o nível atual juros dos Treasuries já representa aperto das condições financeiras no país e pode "fazer parte do trabalho" da política monetária.

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, nota que o ambiente de incertezas diminui a visibilidade sobre a trajetória da taxa de câmbio. Ela observa que, apesar de sinais recentes do Fed, há dúvidas se o aperto monetário nos Estados Unidos já foi encerrado. Há também temores relacionados ao ritmo de crescimento da economia da China e à abrangência e duração do conflito no Oriente Médio.

"São fatores que tendem a deixar a taxa de câmbio pressionada. Mas temos notícias positivas da economia brasileira, com a atividade resiliente e o IPCA de setembro abaixo do esperado. Com uma possível evolução do lado fiscal, podemos ter uma boa história para atrair fluxo ao país", afirma Quartaroli, que trabalha com um desempenho melhor do real no médio prazo.

Por aqui, a leitura do IPCA de setembro não teve papel relevante na formação da taxa de câmbio. O índice acelerou de 0,23% em agosto para 0,26% em setembro, mas veio abaixo da mediana das previsões de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast (0,32%).

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