Estadão

Cautela externa impede Ibovespa de subir por alta do petróleo e sinais da China

O Ibovespa abriu em queda nesta terça-feira, 16, seguindo a cautela internacional na volta dos mercados dos Estados Unidos, depois do feriado na segunda-feira, e ainda por conta da indefinição em relação à MP que reonera a folha de pagamento de 17 setores da economia. Na segunda, o Índice Bovespa fechou em alta de 0,41%, aos 131.520,91 pontos. Às 11h33, o Índice Bovespa cedia 0,77%, aos 130.510,78 pontos, após abrir aos 131.514,92 pontos (-0,01%).

Se perder o nível dos 130 mil pontos, pode abrir espaço para novos ajustes para baixo, diz Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos. "Se isto acontecer, poderá entrar em um processo de correção mais forte, podendo testar os 127 mil pontos, 125 mil pontos, mas não que seja preocupante", avalia.

O recuo do principal indicador da B3 ocorre apesar da valorização do petróleo no exterior. Com isso, as ações da Petrobras cedem moderadamente, assim como as da Vale, apesar de sinais de estímulos na China.

Nem mesmo anima a afirmação do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, durante o Fórum Econômico de Davos, na Suíça, de que o PIB do país cresceu aproximadamente 5,2% em 2023, superando a meta de 5,00%. Hoje à noite, a China divulgará o PIB de 2023 e os números de dezembro da indústria e do varejo.

"O PIB chinês de 2023 cresceu por outros setores, a situação do setor imobiliário está terrível, e era para o Banco do Povo da China cortar as taxas de juros de médio prazo nesta semana, mas não o fez. Por lá, as siderúrgicas estão paralisadas para manutenção pois não há demanda", descreve o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

Em meio a alertas de autoridades monetárias sobre a inflação mundial ainda resiliente, há temores de que as taxas básicas de juros de economias desenvolvidas, sobretudo na Europa, demorem mais para começar a cair. As bolsas europeias caem, assim como as americanas.

"Há uma aversão a risco razoável", sintetiza em nota o economista Carlos Lopes, do banco BV, citando além do recuo das bolsas o avanço dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, com altas superiores a 4,00%.

Por aqui, foi divulgada a pesquisa sobre serviços nesta manhã. Houve alta de 0,4% em novembro ante outubro, ante mediana das estimativas de expansão de 0,50%. Além disso, acompanha as negociações em torno da reoneração da folha de pagamento.

Ontem, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniram, mas ainda não foi fechado nenhum acordo, o que pode acontecer em fevereiro.

Para Lourenço, da Manchester Investimentos, as perspectivas para o Ibovespa seguem positivas, quando se avalia os fundamentos, como a tendência de queda dos juros no Brasil em ambiente de inflação sob controle. "E a queda dos juros nos Estados Unidos é inevitável. Ainda estimo início do recuo em março", diz.

Vale ON caía 0,77% e Petrobras perdia em torno de 0,10%. Dos 87 papéis do Ibovespa, apenas quatro subiam.

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