Os ministros de Relações Exteriores da União Europeia (UE) insistiram, nesta segunda-feira, que a criação de um Estado palestino é a única forma crível de alcançar a paz no Oriente Médio e expressaram preocupação com a clara rejeição da ideia pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
"As declarações de Benjamin Netanyahu são preocupantes. Será necessário um Estado palestino com garantias de segurança para todos", disse o ministro francês de Relações Estrangeiras, Stephane Sejourne, aos jornalistas em Bruxelas, onde os ministros da UE se reuniram para discutir a guerra em Gaza.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, e seu colega da mesma pasta da Jordânia, Ayman Safadi, também estiveram na capital da Bélgica para participarem das conversas. A questão do futuro de Gaza também colocou Israel em oposição aos Estados Unidos e aos seus aliados árabes, enquanto estes trabalham para mediar o fim dos combates no território palestino sitiado.
O número de mortos palestinos na guerra entre Israel e o Hamas ultrapassou 25 mil, informou o Ministério da Saúde na Faixa de Gaza, governado pelo Hamas. Israel disse, no domingo, que houve a morte de um dos reféns feitos durante o ataque de 7 de outubro que desencadeou o conflito.
A UE é o principal bloco de ajuda aos palestinos, mas tem pouca influência sobre Israel, apesar de ser o seu maior parceiro comercial. Os 27 países membros também estão profundamente divididos na sua abordagem. Mas à medida que aumenta o número de mortos em Gaza, crescem os apelos para o fim dos combates.
"Gaza está numa situação de extrema urgência. Existe o risco de fome. Existe o risco de epidemias. A violência tem de parar", afirmou o Ministro de Relações Exteriores belga, Hadja Lahbib, cujo país detém a presidência rotativa da UE.
"Exigimos um cessar-fogo imediato, a libertação dos reféns, o respeito pelo direito internacional, (e) um regresso ao processo de paz, que deve levar à criação de dois Estados que vivam em paz lado a lado", disse Lahbib, descrevendo uma solução de dois Estados como "a única forma de estabelecer a paz duradoura na região".
Israel parece distante de atingir seus objetivos de esmagar o Hamas e libertar os mais de 100 reféns restantes. Mas Netanyahu rejeita a criação de um Estado palestino e parece querer um controle militar ilimitado sobre Gaza.
A disputa sobre o futuro do território surge em um momento em que a guerra continua sem fim à vista e coloca a UE, os Estados Unidos e os seus aliados árabes contra Israel.
A UE convidou os ministros de Israel, dos palestinos, do Egito, da Jordânia e um representante da Liga Árabe para participarem nas conversas desta segunda-feira. Os ministros de Israel e dos palestinos não deveriam se encontrar.
Os ministros europeus pretendiam ouvir os outros planos de Israel.
"Quais são as outras soluções que eles têm em mente?", perguntou o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, que presidiu a reunião. "Para fazer todos os palestinos partirem? Matá-los?
Borrell condenou o que descreveu como as atrocidades cometidas pelo Hamas durante os ataques sem precedentes de 7 de outubro no sul de Israel. Referindo-se à ação militar israelense, ele disse: "Eles estão semeando o ódio por gerações".
"A paz e a estabilidade não podem ser construídas apenas por meios militares", disse ele.
A Espanha pressionou por uma conferência de paz para discutir o cenário quando os combates terminarem. Está em preparação uma futura reunião em Bruxelas, mas o calendário permanece em aberto. O plano tem o apoio de alguns países membros da UE, mas outros dizem que só poderá acontecer com o apoio de Israel.
"Se Israel não estiver na mesa, não adianta realizar conferências de paz", disse o ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Xavier Bettel. Ele disse que, após recentes discussões com autoridades israelenses, ficou claro para ele que o país não estará pronto enquanto acreditar que o Hamas ainda representa um perigo.
Ao chegar à reunião, Katz, de Israel, recusou-se a responder quando questionado sobre a possibilidade de um Estado palestino. Segurando fotos de reféns israelenses, Katz disse que veio buscar apoio para a campanha de Israel para desmantelar o Hamas.
"Temos que trazer de volta nossa segurança. Nossos bravos soldados estão lutando em condições muito difíceis", disse a repórteres. Os objectivos do governo israelense, disse Katz, são claros: "trazer de volta os nossos reféns e restaurar a segurança dos cidadãos de Israel".