O dólar recuou ante outras moedas principais em geral, como o euro e a libra, em dia de agenda modesta, com um indicador de vendas de moradias novas abaixo do previsto nos Estados Unidos. Investidores se posicionavam para dados mais importantes no restante da semana, inclusive leitura da inflação dos Estados Unidos, e também para declarações de dirigentes de bancos centrais. Na Europa, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, manteve o tom recente, ainda com a justificativa de que é preciso primeiro ter mais confiança de que a inflação seguirá à meta para só então cortar juros.
No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 150,68 ienes, o euro avançava a US$ 1,0853 e a libra tinha alta a US$ 1,2689. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,10%, a 103,827 pontos.
No mercado cambial, a Convera comentava, em relatório a clientes, que via "sinas de exaustão" no dólar, após ganhos recentes. Para ela, a moeda dos EUA deve perder mais força no momento em que o Fed comece de fato a cortar os juros. Dirigentes até agora, porém, mostram pouca pressa, à espera de quadro mais claro para dar esse passo.
Na agenda de indicadores, as vendas de moradias novas cresceram 1,5% em janeiro ante dezembro nos EUA, quando analistas ouvidos pela <i>FactSet</i> previam avanço maior, de 4,7%. Havia maior foco, porém, para leituras do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), que saem nesta semana, quando igualmente haverá revisão do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no quarto trimestre de 2023.
Dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) também falam na semana. Na Europa, Lagarde reafirmou que ainda não é o momento de reduzir os juros, em busca de maior confiança sobre a trajetória da inflação. Em discurso no Parlamento Europeu, a presidente do BCE disse que a inflação deve continuar a desacelerar, com a perda do impacto de choques passados e a própria postura do banco central, apertando as condições monetárias. Entre dirigentes, Yannis Stournaras estimou que um corte poderia ocorrer em junho.
Na avaliação de André Galhardo, do Remessa Online, é "muito improvável" que o BCE comece a reduzir os juros antes do Fed. Galhardo acredita que o BC americano iniciará seu ciclo de relaxamento em maio, mas com riscos de que o primeiro corte fique para junho.