Fernanda Montenegro escolheu um texto de Simone de Beauvoir para celebrar os 80 anos de carreira. Ela, que disse ter tido contato com a filósofa francesa quando tinha 20 anos, chega a São Paulo a partir do dia 20 com o espetáculo <i>Fernanda Montenegro lê Simone de Beauvoir</i> no recém-inaugurado Sesc 14 Bis.
A artista leu a obra pela primeira vez na Academia Brasileira de Letras (ABL) – ela é a ocupante da cadeira 17 da instituição desde 2021 – e seguiu com duas apresentações do monólogo no Teatro da Poeira, no Rio. Na sequência, fez uma temporada de imenso sucesso no teatro Casa Grande, também na capital fluminense.
Agora, a capital paulista terá a oportunidade de presenciar a atriz de 94 anos lendo a obra da importante pensadora feminista. As vendas para o espetáculo se iniciam nesta terça, 11, a partir das 17h. <a href="https://centralrelacionamento.sescsp.org.br/" target=_blank><u>Veja como comprar aqui</u></a>.
O nome de Simone de Beauvoir é, quase como regra, associado a O Segundo Sexo, obra tida como um dos pilares do feminismo. Não é com <i>O Segundo Sexo</i>, porém, que Fernanda sobe aos palcos.
<i>A Cerimônia do Adeus</i>, de 1981, conduz a apresentação no qual a atriz, sem personificar Beauvoir, conta apenas com óculos, uma mesa, uma cadeira, trilha sonora e iluminação para dramatizar o texto. Trechos de outras obras de Beauvoir também foram incluídos pela artista, que empresta sua experiência íntima para mostrar o impacto do pensamento da filósofa para gerações de mulheres.
O livro, publicado no Brasil pela editora Nova Fronteira, também é um texto importante no catálogo de Beauvoir. A Cerimônia do Adeus traz, no cerne, a relação da pensadora com o filósofo Jean-Paul Sartre. O casal gerou polêmicas, mas era símbolo da liberdade e do pensamento existencialista no século 20.
Os dois viveram um relacionamento aberto até a morte do filósofo, em 1980. O livro escolhido por Fernanda é um relato de Beauvoir sobre os últimos anos de vida de Sartre. Com <i>A Cerimônia do Adeus</i>, a pensadora trouxe reflexões do filósofo acerca de temas sensíveis, como a velhice e a morte.
A obra é dividida em duas partes. Na primeira, a filósofa francesa mostra seu diário pessoal, além de testemunhos que colheu. No segundo, ela amplia suas reflexões com uma série de entrevistas com Sartre.
Segundo Fernanda, a ideia de levar <i>A Cerimônia do Adeus</i> aos palcos veio após uma proposta do diretor Sérgio Britto de uma peça baseada em uma das obras da pensadora. À época, porém, Britto já estava com a saúde debilitada e o espetáculo não se concretizou. Ele morreu em 2011, aos 88 anos.
Fernanda organizou a obra durante dois anos, que daria origem à peça <i>Viver Sem Tempos Mortos</i>, com direção de Felipe Hirsch e direção de arte de Daniela Thomas. No ano passado, resolveu ler o livro na ABL e, na sequência, uniu o texto com outras obras da filósofa no que daria origem à temporada de Fernanda Montenegro lê Simone de Beauvoir.
"Ao ler, no palco, Simone de Beauvoir, nós nos conscientizamos da liberdade que essa mulher se impôs e propôs a todas as gerações que a sucederam", disse ela. Em São Paulo, o espetáculo fica em cartaz até o dia 21 de julho.