Um ano e meio depois de vir à tona um dos maiores escândalos corporativos do País, a Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Disclosure para investigar a participação de 14 ex-diretores da Americanas em fraudes que somam R$ 25,3 bilhões. Agentes vasculharam 15 endereços ligados a ex-dirigentes da companhia no Rio.
A 10.ª Vara Federal Criminal também autorizou a prisão preventiva do ex-CEO Miguel Gutierrez e da ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali. Os dois, porém, estão morando no exterior. A PF incluiu o nome de ambos na chamada "lista vermelha" da Interpol – a relação dos mais procurados pela polícia internacional. A Justiça determinou ainda o bloqueio de pelo menos R$ 500 milhões dos envolvidos (mais informações na pág. B2).
A operação teve como base acordo de colaboração premiada de dois ex-funcionários. Eles apresentaram documentos revelando a existência de arquivos – batizados de "verde" e "vermelho" – que funcionariam como o principal parâmetro para maquiar os resultados financeiros da empresa. Além disso, os envolvidos usariam senhas diferentes para se referirem ao esquema, como "alavancas", "oportunidades" e "soluções criativas".
A crise foi deflagrada em 11 de janeiro de 2023, quando Sergio Rial renunciou ao cargo de CEO da varejista – cerca de dez dias depois de sua posse – e revelou a existência de "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões.
A PF apura supostos crimes de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Se condenados, as penas podem chegar a 26 anos de reclusão. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também investiga o caso.
A defesa de Gutierrez disse que não teve acesso aos autos e que, por isso, não poderia comentar. Os advogados de Anna não se pronunciaram.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>