A aversão ao risco deve dar a tônica para o mercado americano amanhã, refletindo atentado contra o ex-presidente dos EUA Donald Trump. Mas ainda é difícil de prever a intensidade, duração e os impactos dessa reação, diante da falta de precedentes. A avaliação é do economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio de Souza Leal.
"Em condições normais, uma situação dessas deveria enfraquecer o dólar, porque foi um tiro no coração da sociedade americana. Mas a aversão ao risco pode fazer com que haja uma corrida para os ativos americanos, que são mais seguros", ele diz. "Mas a aversão ao risco nos Estados Unidos nunca é boa para países emergentes."
Para Leal, a primeira consequência óbvia do atentado é um grande aumento na chance de Trump se reeleger. O economista traça um paralelo entre o atentado contra o ex-presidente americano e o ataque contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi alvo de uma facada durante a campanha presidencial de 2018.
A segunda consequência, segundo o analista, é que deve crescer o medo de novos episódios de violência durante as eleições americanas deste ano, diante da polarização nos Estados Unidos. Isso deve sinalizar ao mercado o risco de que o atentado seja apenas a "ponta do iceberg", alerta Leal.
"Isso veio de onde não se esperava: você esperava que uma atitude violenta pudesse partir dos apoiadores de Trump, como ocorreu na invasão do Capitólio. Mas o atentado mostra que o outro lado – não os democratas, mas os anti-Trump – também estão dispostos a atitudes desesperadas", afirma.