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A Buenos Aires que dava saudades a Julio Cortázar

“Sou um portenho perfeito!”, costumava dizer Julio Cortázar, nascido em Bruxelas – onde seus pais argentinos trabalhavam na embaixada de seu país – exatamente uma semana depois da invasão alemã à Bélgica na Primeira Guerra Mundial. Cortázar, após passar com sua família por Zurique e Barcelona, chegou a Buenos Aires quando tinha 4 anos. Do total de vida, ele ficou 24% do tempo na capital argentina.

Cortázar cresceu na cidade de Banfield, na Grande Buenos Aires, onde morou na Rua Rodríguez Peña, 585. O quintal dessa casa, posteriormente demolida, inspiraria anos depois seus contos como o autobiográfico Os Venenos e Fora de Hora. Ali, ele morou até o fim da adolescência. Na sequência, ele, sua mãe Hermínia Descotte e sua irmã Memé se mudaram para a capital, instalando-se no terceiro andar de um pequeno prédio na Rua Artigas, 3.246, no bairro Rawson, na cidade de Buenos Aires.

Perto dali, está a Escola Normal Superior de Professores Mariano Acosta, na Rua General Urquiza, 277, onde ele se formou em 1935 como professor, além de mergulhar na literatura clássica.

Ele residiu nesse bairro entre 1934 e 1951 com sua família, embora nesse período também tenha morado por curtos períodos de tempo em outras cidades, trabalhando como professor.

No bairro de Palermo, uma pequena praça homenageia o escritor com seu sobrenome. No entanto, a Praça Cortázar, que está no meio da Rua Jorge Luis Borges, não possui vínculos com a vida do autor de O Jogo da Amarelinha, ao contrário do autor de O Aleph, que morou nessa área quando era criança. A única conexão com Julio Cortázar é a presença dessa área do bairro no conto Simulacros.

No centro da cidade, Cortázar frequentava a Confeitaria London City, na esquina da Avenida de Mayo e a Rua Peru. Esse café histórico, recentemente fechado, aparece em seu livro Os Prêmios.

A um quarteirão dali, está a Praça de Mayo, ponto das manifestações políticas portenhas, na frente da Casa Rosada, sede do governo argentino, aparece em O Exame, novela que escreveu em 1950 (e que seria publicada de forma póstuma em 1986). No conto, o histórico monumento à Revolução de Maio de 1810, no meio da praça, é o suporte de uma barraca que serve de santuário para a adoração de um pequeno osso, uma ironia ao culto ao líder Juan Domingo Perón (1895-1974), ex-presidente do país.

Durante seu exílio em Paris, para onde se mudou em 1951 por se opor à ditadura em seu país e por ter ganho uma bolsa de estudos do governo francês, Cortázar fez uma enumeração de alguns pontos portenhos dos quais tinha saudade, entre eles a Praça Itália em dias de sol (bairro de Palermo), a “penumbra alucinatória da Galeria Guemes” (na Rua Florida, 165), o cheiro dos jardins e das praças do bairro Villa del Parque e o estádio coberto Luna Park (Avenida Madero, 420), onde assistia às lutas de boxe, seu esporte preferido. Os amantes do futebol, coloquem as barbas de molho: Cortázar não tem times favoritos, já que considerava esse esporte “altamente entediante”.

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