A chegada dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff ao velório do ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República Marco Aurélio Garcia, que ocorre nesta sexta-feira, 21, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na capital paulista, causou alvoroço entre funcionários da Casa.
Vários fizeram fila para tirar foto com Lula e Dilma e todos afirmaram que votariam mais uma vez no ex-presidente, apesar da condenação na Justiça em primeira instância, com o argumento predominante de que ele melhorou a vida dos mais pobres. “Tá certo que nenhum político, nenhum, nenhum é santo. Mas ele foi o único que teve coragem de tirar a sujeira debaixo do tapete. Foi ele. Se ele roubou, ele foi o único que fez alguma coisa pelos pobres. Nunca teve um presidente para se preocupar com os pobres como o Lula se preocupou”, disse a auxiliar de limpeza Carlita Matos de Albuquerque, de 58 anos, a primeira a posar para fotografia ao lado do ex-presidente. “Se eu pudesse digitar dez vezes, eu digitaria”, afirmou, sobre votar nele novamente.
A sentença do juiz federal Sérgio Moro, que condenou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, não foi capaz de conter o entusiasmo dos funcionários com a presença do ex-presidente. Para os que tietaram, Moro tem motivações políticas. “O Moro não age com as outras pessoas como está agindo com Lula e o PT em si, entendeu? Então, eu acho que é perseguição política pura, e nós vamos provar isso na Justiça”, disse o funcionário Abenor Batista, que tem 55 anos e trabalha na área de telecomunicações da Alesp.
A tietagem com Dilma foi mais contida, mas não por um menor interesse dos funcionários, mas sim por uma posição mais discreta dela, que apresentava maior resistência em aceitar os convites para fotos. Com o ex-presidente, as auxiliares fizeram fila. Tentaram o mesmo com Dilma, mas a ex-presidente, incomodada, pediu para que uma pessoa tirasse uma foto só com todas. “Ela é mais na dela, né?”, notou a funcionária Juliana Santana, de 31 anos.
Em outro momento, Dilma mostrou-se mais carismática. Um grupo de funcionários estava com receio de entrar no espaço destinado ao velório para pedir fotos, com medo de ser advertido. A ex-presidente percebeu a inquietação e os chamou para uma foto com todos ao lado do corpo de Garcia, ao afirmar que o ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, ficaria bravo se os funcionários ficassem sem o registro por causa do medo do chefe.
Minutos depois, um trabalhador, atrasado, tentou uma foto com Dilma, que, desta vez, não quis. “Olha, sabe o que é que é, eu até tiro, mas aqui é um velório, eu não tenho ânimo. A minha vida vai ficar menor sem ele Garcia”, disse ao funcionário, que saiu dali com um sorriso amarelo.
Logo em seguida, uma outra funcionária se valeu do momento de distração da ex-presidente para tirar uma selfie sem que ela percebesse. Enquanto isso, de um mezanino, vários outros tiravam fotos e faziam vídeos.