Num momento de intensa discussão sobre a chamada "retomada verde", a fabricante de bebidas Ambev anunciou a construção de 48 usinas solares para abastecer 94 centros de distribuição espalhados pelo Brasil. A iniciativa faz parte do compromisso da empresa de ter 100% da energia consumida de fontes renováveis e de reduzir em 25% as emissões de carbono até 2025. No total, serão instalados 51 mil painéis solares com capacidade para gerar 19 megawatts (MW), o suficiente para abastecer 15 mil residências.
Os parques solares serão construídos em 21 Estados e no Distrito Federal e promoverão uma redução de 4,6 mil toneladas de CO2 por ano na empresa. Para se ter ideia, isso representa o mesmo que tirar de circulação 2,3 mil carros das ruas. O projeto será feito em parceria com as empresas Solution, GD Solar e Gera Energia. Elas vão ser responsáveis por todo o empreendimento e pela entrega da energia à Ambev, num contrato de dez anos. Após esse prazo, a fabricante de bebidas terá a opção de compra das unidades.
A primeira usina solar desse projeto foi inaugurada em Anápolis (GO), no mês passado. A planta, construída no formato da marca da Budweiser, vai abastecer quatro centros de distribuição da empresa no local. Até dezembro, serão inauguradas outras 20 unidades e as demais até o fim do primeiro trimestre do ano que vem, diz o diretor de Sustentabilidade e Suprimento da Ambev, Leonardo Coelho.
Ele explica que a ideia do projeto solar surgiu com as iniciativas para abastecer as cervejarias do grupo. No ano passado, a Budweiser, da Ambev, anunciou a construção de um parque eólico na Bahia, com capacidade de 80 MW.
O empreendimento, que será construído em parceria com a gestora de investimento Casaforte, deve ficar pronto no início de 2022 e vai abastecer 100% do consumo das cinco cervejarias que produzem Budweiser no País.
A iniciativa representará uma redução de 20 mil toneladas de dióxido de carbono por ano – ou 35 mil carros retirados de circulação das ruas. "Essas medidas vão ajudar a empresa a atingir suas metas de sustentabilidade previstas para 2025", diz Coelho.
Além da parte elétrica, a empresa também tem projetos de gestão de água, agricultura sustentável e embalagens retornáveis ou recicláveis. Segundo a empresa, nos últimos cinco anos, foi investido mais de R$ 1 bilhão em projetos voltados para sustentabilidade na operação no País.
Por questões estratégicas, a empresa não informa qual o porcentual de energia será própria e quanto será comprado no mercado livre. "Não temos a ambição de ser uma empresa de energia. Nossa principal preocupação é com o meio ambiente e, por isso, temos o compromisso de usar só energia renovável, seja ela própria ou comprada do mercado livre", diz a empresa.
<b>Atração</b>
A energia solar – além da eólica – tem sido uma importante opção para as empresas alcançarem suas metas de redução de CO2. Desde 2012, a geração distribuída – que inclui investimento de consumidores residenciais – soma 3,8 gigawatts de potência instalada e mais de R$ 19 bilhões em novos investimentos ao País.
"As questões climáticas e o aumento de gastos com eletricidade têm impulsionado investimento das empresas. E isso vai continuar crescendo daqui para frente", diz a vice-presidente de geração distribuída da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Barbara Rubin.
Segundo ela, movimentos como o da Ambev ampliam a confiança no setor e trazem novos clientes e investimentos. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>