O dólar, que vinha em queda modesta até o meio da tarde desta quarta-feira, 22, embalada pelo andamento da nova repatriação no Congresso e um noticiário interno e externo ameno, fortaleceu o movimento após a ata do Federal Reserve. No documento, apesar de os membros do Fomc afirmarem que uma elevação dos juros pode ser apropriada em breve, eles também citaram preocupação com o dólar forte e com as incertezas sobre a política fiscal de Donald Trump.
O dólar à vista no balcão fechou em queda de 0,79%, a R$ 3,0699, depois de ter oscilado entre a mínima de R$ 3,0684 (-0,82%) e a máxima de R$ 3,0968 (+0,08%). No mercado futuro, o dólar para março fechou em baixa de 1,02%, a R$ 3,0685. No fim da tarde, o dólar recuava ante a maioria das moedas emergentes e de países exportadores de commodities, como o peso mexicano (-0,55%), a lira turca (-1,04%) e o rand sul-africano (-1,20%).
No fim da manhã, o Senado aprovou, em votação simbólica, a urgência para votação do projeto de lei que reabre um novo prazo para adesão ao programa de repatriação de recursos mantidos ilegalmente no exterior. A votação do mérito da proposta no plenário da Casa, porém, deve ficar para somente depois do carnaval. Segundo a Mesa Diretora do Senado, a previsão é que a matéria seja votada em 7 de março.
O Senado também aprovou hoje, por 55 votos a 13, a indicação do ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes, para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A votação foi secreta e, por essa razão, sem possibilidade de discurso e encaminhamento de votos. Ele foi sabatinado ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por 11 horas. Indicado pelo presidente Michel Temer, Moraes irá substituir o ministro Teori Zavascki, que morreu em um acidente aéreo em janeiro.
De qualquer forma, a queda do dólar se acentuou mesmo após a ata do Fed. Apesar da mensagem principal de que “muitos” membros do Fomc consideram que pode ser apropriado elevar os juros de novo em breve, com “alguns” citando a próxima reunião, o comitê também apontou que “a maioria” dos integrantes vê “elevada incerteza em relação ao tamanho, composição e prazo de possíveis mudanças na política fiscal” do governo Donald Trump. Além disso, o documento cita que “vários” indicaram que continuam preocupados com os riscos de baixa para a economia associados com a possibilidade de uma apreciação adicional do dólar.