Economia

Anglo American embarca minério de ferro do Minas-Rio

A Anglo American iniciou a promoção do minério de ferro produzido no projeto Minas-Rio para conquistar uma fatia de um mercado já saturado. No último dia 25, a companhia fez o primeiro embarque da commodity produzida pelo sistema e prevê pelo menos outros quatro até janeiro de 2015.

O minério do Minas-Rio, um dos maiores investimentos estrangeiros já feitos no Brasil, será produzido a um custo de US$ 33 a US$ 35 a tonelada seca e US$ 36 a US$ a tonelada úmida. Segundo o presidente da unidade brasileira da Anglo, Paulo Castellari, em dezembro estão programados dois embarques no mesmo volume do primeiro, de 80 mil toneladas e realizado no último dia 25.

Em janeiro do ano que vem, estão previstos mais “dois ou três” embarques da commodity, desta vez em navios capesize, embarcações com capacidade média em torno de 175 mil toneladas. “Agora o jogo começa”, disse.

O diretor de Implantação da companhia, Luis Renato Gonçalves, explicou que o uso de navios menores no primeiro momento faz parte de uma operação com a Marinha brasileira para verificar as condições de segurança do Porto de Açu, em São João da Barra (RJ). Em entrevista coletiva nesta semana em Belo Horizonte, Paulo Castellari classificou a qualidade do minério, que atinge 68% de ferro no produto premium e 67,5% no high grade, e o custo de sua produção como duas “grandes alavancas” para a conquista de mercados.

Parte da produção já está comprometida com dois contratos de longo prazo com a China e o Oriente Médio herdados da MMX do empresário Eike Batista, de quem a Anglo comprou o projeto Minas-Rio. A companhia anglo-sul-africana planeja atingir a capacidade de produção do sistema, de 26,5 milhões de toneladas anuais, em 18 a 20 meses.

Em 2014, o grupo Anglo American deve produzir um total de 45 milhões de toneladas de minério de ferro e a estimativa da companhia é de que no ano que vem sejam produzidas 11 milhões a 14 milhões de toneladas no Minas-Rio. “É uma curva bastante agressiva”, avaliou Castellari sobre o prazo definido para alcançar a capacidade do projeto.

Mercado

O executivo adiantou que o setor já espera um “período difícil em 2015” por causa da redução no preço da commodity causado pela queda na demanda mundial.

E a situação deve se agravar com o aumento da oferta. “Não vai ser um tempo muito fácil, mas a gente está se preparando para isso. Vai entrar mais produção barata do Brasil e da Austrália”, observou. A Vale, por exemplo, estima produzir minério em Carajás a um custo de aproximadamente US$ 15 a tonelada com a conclusão do projeto S11D. “(Mas) algumas empresas vão sair (do mercado)”, acrescentou Castellari, referindo-se a companhias que produzem com custo mais alto.

Ele afirmou ainda que a Anglo acredita no aumento da demanda nos próximos anos, impulsionada inclusive pelo aumento do consumo interno, para equilibrar os preços. Jornada O início da produção no sistema Minas-Rio, segundo Paulo Castellari, é o resultado de “uma jornada longa e difícil”, mas que a partir de agora vai “gerar valor para os acionistas”.

O projeto, iniciado em 2007, inclui a mina e uma unidade de beneficiamento, em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, na região central de Minas Gerais, e o Porto de Açu, além de um mineroduto de 529 quilômetros – o maior do mundo – que liga as duas pontas passando por 32 municípios. “Era virtualmente impossível liberar aquela riqueza sem este sistema integrado”, afirmou Paulo Castellari, referindo-se à reserva ferrífera. O projeto teve um custo total de US$ 8,8 bilhões. O executivo admitiu que “não vai ser fácil remunerar o capital investido”, mas salientou que o Minas-Rio é uma “prioridade” para o grupo Anglo.

E, apesar de o sistema ter iniciado a produção em meio a uma das piores crises hídricas do País, o diretor de Operação do projeto, Rodrigo Vilela, afirmou que o Minas-Rio não é afetado. A Anglo tem outorga para captação de 2,5 mil metros cúbicos de água, principalmente do Rio do Peixe, e, segundo Vilela, “em nenhum momento o rio teve a vazão afetada”. Ele disse ainda que há recirculação de 75% da água usada no sistema.

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