A Anima Educação vai desfazer o negócio bilionário com a americana Whitney University System anunciado em dezembro do ano passado. De acordo com o comunicado divulgado ontem, a decisão, comum às duas empresas, foi tomada por causa das mudanças impostas pelo governo federal, que afetaram “as premissas e perspectivas pelas quais foram negociadas as bases estruturais da operação”.
A empresa se refere às novas regras do programa de financiamento estudantil, o Fies, que impuseram, entre outros pontos, notas mínimas para obtenção do benefício e um limite no total de novas vagas financiadas (leia mais ao lado).
No dia 20 de dezembro – antes, portanto, de as mudanças serem anunciadas pelo governo federal -, a Anima Educacional divulgou a aquisição da Universidade Veiga de Almeida (UVA), do Rio de Janeiro, e do Centro Universitário Jorge Amado (UniJorge), da Bahia, por R$ 1,14 bilhão. As duas instituições pertenciam à Whitney. Foi a maior aquisição no setor de educação do País entre as 14 que ocorreram no ano passado.
Com o negócio, a Anima – que já é dona da Universidade São Judas Tadeu e da Unimonte, em São Paulo, e da Una e da Uni-BH, em Minas Gerais – teria acesso a duas regiões em que não tinha nenhuma presença. “Apesar do distrato, as partes decidiram promover um contrato de cooperação na área de ensino, a partir do qual a Whitney University System licenciará à Anima Educação os seus softwares de educação à distância e marketing”, afirmou a empresa brasileira sem dar mais detalhes.
Além disso, as instituições controladas pela Anima Educação passarão a fazer parte da Rede Ilumno, que suportará sua internacionalização, acrescentou. Por conta do distrato, a Anima pagará R$ 46 milhões à Whitney – empresa com sede em Miami que opera no Brasil desde 2006, quando comprou a UniJorge.
Cinco anos mais tarde, a empresa adquiriu a Universidade Veiga de Almeida. Diante de um cenário em que os grandes grupos de educação passaram a ser cada vez mais agressivos em suas fusões e aquisições (foram 154 operações do tipo no País de 2005 a 2014), a lista de apenas duas compras da americana sempre foi vista como pouco ambiciosa.
Ao mesmo tempo em que travou o negócio entre Anima e Whitney, o novo Fies tem sido visto no mercado como uma oportunidade de consolidação, já que instituições menores, fragilizadas com as mudanças, estariam mais vulneráveis a um processo de aquisição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.