O relator do processo de importação das vacinas Sputnik V e Covaxin votou nesta sexta-feira (4) a favor da autorização excepcional e temporária para importação e distribuição dos imunizantes contra a covid-19. Durante reunião da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Alex Machado Campos entendeu que estados e o governo federal podem utilizar os imunizantes, mas de forma controlada e cumprindo várias condicionantes para aplicação na população.
Após sete horas de reunião, a importação foi liberada, mas com restrições. A Anvisa autorizou a importação excepcional depois de receber novos documentos dos laboratórios produtores das duas vacinas. Mas há restrições. A autorização é limitada a uma quantidade específica de doses. São 4 milhões ao todo.
Pelo voto do relator, a importação deverá ser restrita ao total de doses referente a 1% da população, e a aplicação deverá ser destinada a maiores de 18 anos e menores de 60 anos. O uso por gestantes e pessoas com comorbidades não foi recomendado.
Além disso, a Anvisa deverá ser comunicada sobre eventuais eventos adversos nas pessoas que forem imunizadas. Somente poderão ser utilizadas vacinas oriundas de fábricas inspecionadas pela agência.
O caso é analisado em reunião da diretoria colegiada da agência para analisar pedidos dos estados da Bahia, de Sergipe, do Maranhão, de Pernambuco, do Ceará e do Piaui para importação 37 milhões de doses da Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. A compra de 20 milhões de doses da Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech, foi feita pelo governo federal.
Campos disse que após a negativa da Anvisa para uso da Covaxin, as pendências sobre as etapas de boas práticas na produção foram resolvidas. No caso da Sputnik V, após a decisão que rejeitou a importação , passou-se a admitir o uso do imunizante, mas com várias condicionantes, a partir da nova documentação apresentada por diversos governadores.
Para o relator, diante do surgimento de novas cepas e o agravamento da pandemia, a Anvisa deve promover a proteção da saúde da população, mitigando os riscos de segurança, eficácia e qualidade dos imunizantes.
“O contexto sanitário que nosso país atravessa nos põe diante da necessidade de viabilizar o maior número de vacinas e medicamentos. Todo esforço se volta ao propósito de amenizar o sofrimento da população, abrandar angústias dos gestores públicos e combater o esgotamento de nossos profissionais de saúde”, afirmou.
Fabricada em Guarulhos
A vacina Sputinik V já está sendo produzida no Brasil, na fábrica da Inovat, que pertence ao grupo União Química, laboratório autorizado pela Rússia para envasar o produto no país. Em maio, a empresa apresentou o primeiro lote de vacinas produzidas em Guarulhos, que serão exportadas para outros países da América Latina, já que – apesar da decisão desta sexta-feira – a Anvisa não autorizou ainda a utilização destes imunizantes produzidos aqui em território nacional.