O reitor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antonio Zago, afirmou que os estudantes de Medicina da instituição estão sendo “criminalizados” depois dos casos de violência que vieram a público desde a denúncia de duas alunas que disseram ter sido estupradas em festas. Em audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura os casos de violação de direitos humanos nas universidades paulistas, Zago disse que o papel da universidade é mudar o comportamento dos alunos. “Eu diria que talvez alguns não sejam anjinhos. Mas eu acho que a responsabilidade da universidade, uma vez que estes alunos serão médicos, é responsabilidade da universidade tentar mudar esse comportamento”, afirmou.
“Eu não tenho duvida que devem existir estudantes de Medicina que são criminosos, como existem que são de Engenharia, como existem políticos que são criminosos, como existem banqueiros que são criminosos. Mas eu tenho a impressão que não seria saudável nós generalizarmos isto, eu tenho certeza que grande parte dos estudantes da Faculdade de Medicina de São Paulo, e eu conheço alguns, são pessoas absolutamente idôneas, saudáveis, e que vão trazer grande benefício à sociedade”
O reitor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antonio Zago, afirmou que tem pedido aos diretores das unidades da instituição que reabram sindicâncias de casos de violência ocorridos com alunos da universidade, em casos considerados “graves”. “Nós queremos passar a limpo este passado”, disse, durante audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que apura os casos de violações aos direitos humanos.
Conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo, Zago enviou um documento a todos os diretores de unidades da USP em dezembro pedindo que encaminhassem todos os casos à comissão. Um dos casos mencionados durante a audiência foi o de uma ex-estudante da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, que disse ter sido estuprada por oito alunos em uma república, em 2002. O prefeito do campus à época, Marcos Vinícius Folegatti, esteve na audiência e chegou a afirmar que o caso não foi apurado pois a jovem e seus pais não quiseram formalizar a denúncia.
A medida é parte de um pacote de ações anunciadas pela reitoria no final do ano passado, que inclui a nomeação da Comissão de Direitos Humanos da universidade para supervisionar a reabertura dos casos, as apurações e a supervisão de todos os órgãos internos envolvidos, como a ouvidoria. Zago também mencionou um “kit” que será entregue aos calouros na semana de recepção, que traz mensagens contra o trote e lembra que a prática é proibida pela instituição.
Depois de receber a crítica de uma aluna que estava no local, que afirmou que a omissão da universidade era uma forma de manter os protestos, Zago disse não ser responsáveis por casos de 10 anos atrás” e reiterou as medidas tomadas em sua gestão, como a proibição de festas com bebidas alcoólicas no campus do Butantã.