O chefe do Departamento de Transporte e Logística do BNDES, Cleverson Aroeira, afirmou que a exigência de as empresas emitirem debêntures de infraestrutura para terem acesso a taxas melhores no banco de fomento é desafiadora, mas deve fornecer um estímulo importante para os mercados de capitais. A declaração foi dada durante o “Fórum de Infraestrutura – Os desafios para o futuro do Brasil”, promovido nesta quarta, 17, pela Câmara Espanhola de Comércio.
Aroeira afirmou que a expectativa é de um volume de debêntures quase três vezes superior ao registrado no Programa de Investimentos em Logística (PIL) lançado pelo governo em 2012, quando as condições eram diferentes. “É desafiador, o mercado de capitais em infraestrutura ainda tem muito a se desenvolver. Mas achamos que usar o crédito direcionado (do BNDES) como forma de incentivar o mercado pode ser um estímulo relevante”, comentou. Representantes de bancos e seguradoras presentes no mesmo painel disseram que, a priori, há demanda no mercado por essas debêntures, especialmente de pessoas físicas e, possivelmente, investidores institucionais.
O diretor do BNDES comentou que, além de ter acesso a uma parte maior do crédito no BNDES cobrado com base na TJLP, a emissão de debêntures dará outros benefícios para as empresas, como o compartilhamento de garantias e a cláusula de cross-default, que faz com que o debenturista tenha o mesmo grau de senioridade do BNDES. Há ainda a mudança no sistema de amortização de SAC para Price. “(O plano) goza de prerrogativas que melhoram a percepção de risco do investidor”, disse.
Segundo Aroeira, para os investimentos de infraestrutura, o prazo do crédito é mais importante do que a taxa. O representante do BNDES lembrou que a ausência de funding de longo prazo para esse tipo de projeto faz com que historicamente a participação do banco de fomento no financiamento seja alta, perto de 70%, em média.