No que depender do Banco Central, a meta de inflação de 2016 será mantida em 4,5% e o mesmo porcentual será repetido em 2017, segundo fontes da instituição ouvidas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. A definição do objetivo se dará quinta-feira, 25, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e, novamente, ocorrerá sob pressão do mercado financeiro e de algumas alas mais conservadoras da equipe econômica para que o alvo seja reduzido no futuro. Além da autoridade monetária, também fazem parte do CMN os Ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Chegou-se a cogitar nos últimos dias, a possibilidade de haver um ajuste da meta neste ou no próximo ano para cima. A hipótese foi descartada pelas duas fontes consultadas, apesar da certeza de que o BC não entregará sua tarefa este ano e que já começam a surgir dúvidas a respeito do cumprimento em 2016. Têm sido reiterados os recados oficiais e em foros mais íntimos de que a autoridade monetária não desistiu de levar o IPCA para 4,5% no fim do ano que vem.
A meta não sofre ajustes desde 2004. Dentro do BC, a avaliação é de que não haveria motivos para que alguma alteração seja feita agora. Até porque a instituição trava uma dura batalha para tentar reconstruir sua credibilidade com a sociedade. O BC é um de três votos. “Se não se mexe em time que está ganhando, como apertar ainda mais o time que já está perdendo?”, questionou uma das fontes. O CMN tem mantido a meta de 4,5% desde 2005 e, a partir de 2006, diminuiu a margem de tolerância de 2,5 pontos porcentuais para 2 pontos.
Quando não atinge seu objetivo, o BC precisa escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando os motivos que levaram ao descumprimento da meta, apontando os caminhos a serem seguidos. Oficialmente, o BC não dá como certo que terá de elaborar o documento. Nos bastidores, sabe-se que não haverá escapatória. “A entrega da carta este ano está no preço”, disse uma das fontes. Outra fonte apresentou discurso semelhante e lembrou que não será a primeira vez que o BC terá de fazer o documento – as outras foram em 2002, 2003 e 2004. “Isso todo mundo já sabe e, do ponto de vista político, o desgaste para o BC de um aumento da meta neste momento seria muito grande.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.