O governo da Bielo-Rússia ameaçou ontem usar armamento letal contra os manifestantes, que tomam as ruas desde 9 de agosto, após o presidente Alexander Lukashenko anunciar sua vitória em uma eleição suspeita para mais um mandato. Ele está no poder há 26 anos. O vice-ministro do Interior, Gennadi Kazakevich, justificou a ameaça dizendo que os atos em Minsk se "tornaram altamente radicais".
"Diante disso, a polícia e os serviços do Ministério do Interior podem sair às ruas e empregar equipamento especial e armas de combate se isso for necessário", afirmou Kazakevich. O vice-ministro disse que alguns grupos "anarquistas" atiraram pedras e garrafas nas forças de segurança. "Não enfrentamos apenas ataques, mas grupos de combatentes radicais, anarquistas e torcedores de futebol", afirmou. Para ele, os movimento que pede a saída de Lukashenko está "desaparecendo gradualmente".
As forças de segurança da Bielo-Rússia, acusadas por organizações de direitos humanos do uso injustificado de força nos protestos, detiveram 713 pessoas no final de semana.
De acordo com os manifestantes, a repressão aos ato de domingo foi uma das mais violentas desde que os protestos contra o presidente tomaram as ruas do país. Na segunda-feira, outra manifestação que reuniu centenas de aposentados em Minsk também foi dispersada pela polícia, que usou gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral, segundo a polícia.
A União Europeia (UE) disse na segunda-feira que estava pronta para adotar sanções contra o próprio Lukashenko. No começo do mês, 40 funcionários do governo bielo-russo sofreram restrições de viagens e congelamento de bens em países europeus. "Nada melhorou na Bielo-Rússia. A violência do regime de Lukashenko e a detenção de manifestantes pacíficos continuam", declarou o chefe diplomacia alemã, Heiko Maas.
Ontem, Svetlana Tijanovskaya, líder da oposição bielo-russa, disse que o país entrará em greve geral caso o presidente não renuncie. "Você (Lukashenko) tenta paralisar a vida do nosso país sem entender que a Bielo-Rússia é mais forte do que o regime", afirmou Tijanovskaya. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>