Bolsa sobe 0,88% e fecha aos 100 mil pontos pela primeira vez desde março

Alinhado ao dia positivo no exterior, o Ibovespa voltou a sentir o cheirinho de 100 mil pontos pela segunda vez na semana, renovando topos na reta final da sessão – e desta vez conseguindo sustentar a marca psicológica de seis dígitos no encerramento, algo que não ocorria desde 5 de março, então a 102.233,24 pontos. Ao final, o principal índice da B3 apontava nesta sexta-feira alta de 0,88%, aos 100.031,83 pontos. A máxima, de 100.100,98, ficou pouco abaixo da de ontem, quando chegara a 100.191,24 pontos, o melhor desempenho intradia desde 6 de março (102.230,50 pontos).

O índice acumulou ganho de 3,38% entre segunda e sexta-feira, semelhante ao da semana anterior (+3,12%), emendando segundo avanço semanal, o que coloca a alta no mês a 5,23%. O giro financeiro, em linha com o observado na semana, totalizou R$ 24,3 bilhões nesta sexta-feira. No ano, o Ibovespa cede 13,50%.

Foi a sexta vez que o índice chegou à marca de 100 mil no fechamento, vindo de baixo: as outras foram em 9 de outubro (101.248,78), 4 de setembro (101.200,89), 29 e 21 de agosto (100.524,43 e 101.201,90, respectivamente) e 19 de junho de 2019 (100.303,41 pontos), de acordo com o AE Dados.

O dia vinha morno na B3 com o Ibovespa oscilando pouco mais de 1.000 pontos entre a mínima e a máxima da sessão até que passou a renovar os topos da sessão após às 16h, enquanto NY se direcionava a fechamentos próximos às respectivas máximas desta sexta-feira. De acordo com o AE Dados, com o ganho de 5,23% acumulado no mês até o dia 10, o Ibovespa avança 36,99% desde a recuperação iniciada em abril, após o tombo de 29,90% em março – em abril, subiu 10,25%, com ganhos de 8,57% em maio e de 8,76% em junho. Ainda que julho esteja distante do fim, trata-se até aqui da melhor sequência de quatro meses desde a série entre fevereiro e maio de 2009, quando o Ibovespa teve avanço de 39,32% – e em nível de pontuação bem inferior ao atual, então entre 38.183 e 53,197 pontos.

No exterior, os investidores preferiram ver o copo meio cheio: embora persistam as preocupações quanto ao avanço do coronavírus nos EUA – e a casos ressurgindo na Ásia -, a atenção se voltou hoje para resultados animadores da farmacêutica Gilead sobre o tratamento com remdesivir, que tem reduzido o índice de mortalidade da doença. Assim, o Nasdaq (+0,66%) permaneceu em máxima de fechamento, com avanço mais tímido nesta sessão do que o observado em Wall Street, onde o Dow Jones encerrou em alta de 1,44% e o S&P 500, de 1,05%, nesta sexta-feira, 10.

Por aqui, a leitura sobre a atividade de serviços em maio esfriou parte do entusiasmo de anteontem com as vendas do varejo no mesmo mês – por outro lado, a forte retração em segmento vital para a economia brasileira ressuscita a expectativa por novo corte da Selic, ainda que marginal, no início de agosto.

"O mercado tem olhado mais para o que ajuda a subir – no caso, a liquidez – do que para fundamentos. Vamos ver se os resultados do segundo trimestre condizem – sabe-se que serão negativos, mas é preciso saber quão ruins serão, e o que haverá de indicação para frente. Pode ser que nem ocorra realização aí, se os balanços vierem melhor do que o consenso", observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença . "Com tantas variáveis indefinidas, especialmente em relação à pandemia no mundo, o longo prazo virou um horizonte de três meses. Fazer projeção para o Ibovespa é sempre difícil, e quem fez para o ano no início de 2020 já errou. Para este ano e o próximo ficou ainda mais desafiador", acrescenta.

No topo do Ibovespa nesta sexta-feira, CVC fechou em alta de 13,99%, seguida por Cogna (+11,05%). No lado oposto, Qualicorp cedeu 2,53% e Eletrobras PNB, uma das campeãs do dia anterior, caiu 2,01%. As ações de commodities e de bancos tiveram desempenho positivo na sessão, com destaque para alta de 1,67% em Petrobras PN e de 1,46% para Bradesco PN.

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