Bolsonaro retorna ao Alvorada após causar aglomeração

Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi o chamariz para a formação de aglomeração durante uma viagem em que esteve o tempo todo sem máscara. O chefe do Executivo retornou ao Palácio do Alvorada, após mobilizar dois helicópteros oficiais para se deslocar para Goianópolis, cidade de Goiás localizada a cerca de 200 quilômetros de Brasília. A viagem não constava da agenda do presidente, que, no caminho, parou em um posto da Polícia Rodoviária Federal, segundo imagens publicadas nas redes sociais.

Assim que pousou em um campo de futebol, várias pessoas se aglomeraram para saudar o presidente, conforme revelaram imagens transmitidas pelo líder do PSL na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO). O chefe do Executivo cumprimentou várias delas apertando as mãos. Na transmissão, é possível ver que há desde pessoas idosas até crianças. O presidente chegou a pegar um bebê no colo, logo depois de tocar em vários apoiadores.

Fizeram parte da comitiva o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Apesar de ter sido retirado do cargo há cerca de três semanas, Pazuello é considerado uma das peças principais da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, que vai averiguar a coordenação do governo em relação à pandemia de coronavírus. Bolsonaro se mostrou irritado com a criação da CPI e articulou para que outras esferas de governo – como prefeitos e governadores – também fosse investigados.

O presidente já foi contaminado pela covid-19 e atribuiu sua recuperação ao que chama de tratamento precoce – que não tem comprovação científica – e a seu histórico de atleta. Depois de ter declarado que não tomaria vacina, Bolsonaro disse a apoiadores ontem à noite que pretende ser imunizado "por último". Segundo o presidente, a decisão se dá porque há "muita gente apavorada" esperando pela vacina "dentro de casa". Vários chefes de Estado e de governo do mundo, no entanto, já se imunizaram, dando o exemplo, quando os calendários de imunização locais previam a aplicação do imunizante em suas faixas etárias.

Conforme o Estadão/Broadcast mostrou, com 66 anos de idade, Bolsonaro está apto a receber a vacina no Distrito Federal desde o dia 3 de abril, mas optou por não se vacinar. Outro argumento do presidente para não receber o imunizante é o de já ter contraído o vírus em julho do ano passado. Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, 12,17% dos cidadãos brasileiros já foram vacinados com a primeira dose. Desde o início da pandemia, o Brasil contabiliza mais de 369 mil mortes por coronavírus.

Nesta manhã, o Ministério da Saúde informou que o governo brasileiro deve receber 4 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca contra a covid-19 em maio, fruto do consórcio Covax Facility. Segundo a Pasta, os imunizantes serão adquiridos via Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS). O primeiro lote da Covax Facility foi entregue em março com pouco mais de 1 milhão de doses da AstraZeneca/Oxford, produzidas na Coreia do Sul pelo laboratório SK Bioscience.

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