A Caixa Econômica Federal orientou sua rede a suspender todos os novos pedidos de financiamento imobiliário com base em recursos da caderneta de poupança. Nos últimos meses, houve saque recorde da caderneta e a Caixa ficou sem recursos para emprestar.
A informação sobre a suspensão dos empréstimos foi repassada ao jornal O Estado de S. Paulo por fontes do banco e da construção civil e confirmadas pela reportagem nas agências pelos funcionários do banco. A Caixa precisa honrar os contratos assinados antes de aprovar novas operações.
Segundo a reportagem apurou, apenas nos quatro primeiros meses do ano, R$ 8,9 bilhões foram retirados da poupança da Caixa, 37,5% dos saques totais do sistema (R$ 23,7 bilhões).
A maior parte das contratações da carteira de crédito habitacional da Caixa tem como fonte recursos da poupança. Dos R$ 128,8 bilhões contratados em 2014, R$ 79,4 bilhões vieram do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) – ou seja, mais de 60% das operações tiveram como fonte os depósitos das cadernetas.
As operações com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) responderam por R$ 40,9 bilhões e R$ 8,5 bilhões foram contratados com recursos de outras fontes.
Sem promessas
A suspensão dos novos financiamentos de casas com recursos da poupança foi passada às agências por determinação da diretoria da Caixa. Um gerente ouvido pela reportagem, e que falou sob a condição de anonimato, disse que a “prioridade” do banco era contratar o que tinha sido aprovado até o dia 10 de abril, antes de a Caixa subir os juros.
“Do que foi aprovado a partir do dia 13 de maio não temos garantia de contratação, porque o banco não tem recurso para fazer essas operações”, afirmou o gerente. “Nos orientaram a ter cuidado para não prometer o financiamento ao cliente e depois não cumprir porque o banco não tem o dinheiro disponível”, completou.
Foco
Oficialmente, a Caixa afirmou que as operações com recursos da poupança estão ocorrendo “dentro do que foi estimado e programado”. Informou também que “o foco” este ano é o financiamento de imóveis novos para a habitação popular. É o caso das operações do programa Minha Casa Minha Vida e daquelas que têm o FGTS como fonte de recursos.
“A Caixa esclarece que os canais são livremente escolhidos pelos clientes, conforme conveniência de atendimento e sem qualquer direcionamento do banco”, informou o banco em nota sobre o comportamento dos correspondentes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.