Caminhoneiros começaram a segunda-feira, 9, com bloqueios em várias estradas do País, em pelo menos oito Estados. Mais cedo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) havia registrado vias paralisadas pelos trabalhadores no Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. O Comando Nacional do Transporte, grupo que coordena a manifestação, informou em sua página no Facebook que bloqueou a Marginal Tietê, em São Paulo. Um trecho da Fernão Dias, em Minas Gerais, também estava parado.
Os transportadores pedem redução no valor do óleo diesel, uma tabela de preços mínimos para o frete e a saída da presidente Dilma Rousseff.
Segundo uma mensagem que os caminheiros têm distribuído entre os participantes do movimento, a programação é bloquear quatro vias no Rio de Janeiro. O objetivo deles é travar parcialmente a via Dutra, na altura de Nova Iguaçu entre 15 horas e 17 horas. A estrada que vai do Rio para Juiz de Fora (MG) seria totalmente parada. Os manifestantes também pretendem parar a estrada Rio/Santos, na altura da entrada da CSA e fazer um bloqueio total na BR-116, na altura de Macaé.
A manifestação já chegou ao município de Barra Mansa, região sul fluminense. No km 273 da Rodovia Presidente Dutra, os motoristas interditaram uma faixa da pista sentido Rio e o acostamento, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
Um dos líderes da categoria e organizador da paralisação, Ivar Schmidt afirma que a luta é pela renúncia da presidente Dilma Rousseff. Ele está à frente do “Comando Nacional do Transporte” e garante que os caminhoneiros, agora, somente vão negociar “com o próximo governante”.
A greve ganhou o apoio de grupos como Movimento Brasil Livre e Vem pra Rua. Os líderes do movimento garantem já ter grande apoio também de caminhoneiros de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. A expectativa é atingir pelo menos 70% do País inicialmente.
Bloqueios
Cerca de 80 caminhoneiros usaram os veículos para bloquear a rodovia Raposo Tavares (SP-270), no km 384, em Ourinhos, sudoeste paulista. De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, a interdição é parcial, atingindo apenas a faixa da direita das duas pistas da estrada. A passagem é liberada para carros, ônibus, ambulâncias e veículos com alimentos perecíveis, mas outros caminhões são impedidos de passar. A polícia negocia a liberação da estrada.
Em Minas Gerais, caminhoneiros interditam cinco pontos de três estradas federais. Uma das rodovias com bloqueio é a BR-381, em pontos próximos a João Monlevade, na Grande BH, a leste da capital, e Igarapé, na mesma região, só que a sudoeste da capital. Há bloqueios ainda na BR-262, em Igaratinga, no Centro-Oeste de Minas, e em dois pontos da BR-040 próximos a Conselheiro Lafaiete, na região central do Estado.
Manifestantes também bloqueiam pelo menos sete estradas no Rio Grande do Sul: BR-287 (Santa Cruz do Sul), na ERS-122 (Caxias do Sul), na BR-386 (Soledade), na BR-285 (Carazinho e Ijuí) e na BR-392 (Pelotas). Há concentração de caminhoneiros em várias outras rodovias do Estado.
No Nordeste do País, caminhoneiros bloqueiam a BR-304, que liga a cidade de Natal a Fortaleza e é conhecida pelo grande tráfego de veículos pesados. O bloqueio das vias foi feito com pneus queimados. Segundo as primeiras informações da Polícia Rodoviária Federal, cerca de 100 caminhoneiros participam do protesto. Os veículos de passeio estão passando pela via através de um atalho improvisado.
Entidades contrárias
Várias entidades que representam o setor se manifestaram contra esse movimento e veem interesses políticos por trás dessa paralisação. Para o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Bens no Estado do Pará (Sindicam-PA), a greve é organizada “por pessoas que não fazem parte da categoria e estão aproveitando o momento de dificuldade que o País passa”.
Já a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens) diz que “os problemas que afetam a categoria são muitos e que, para resolvê-los, é preciso coesão e sabedoria”. Entidades de Goiás e Tocantins também assinaram, juntos, um documento contra a greve.
Principal alvo dos sindicatos, Ivar Schmidt tem 44 anos, mora em Mossoró (RN) e nega qualquer vínculo partidário. Caminhoneiro, ele começou a se destacar há um ano e, em 2015, criou o “Comando Nacional do Transporte”.