O colapso traqueal é uma forma de obstrução traqueal, sendo um achado clínico muito freqüente em cães de raças pequenas e com histórico de tosse seca crônica. A enfermidade pode ocorrer em gatos, mas é considerada rara nesta espécie.
O colapso de traquéia ocorre quando as cartilagens da traquéia amolecem. A traquéia se assemelha a um túnel formado por arcos firmes cartilaginosos. Quando as cartilagens amolecem, elas colapsam e diminuem o interior do túnel. Isso resulta na impossibilidade de levar ar para dentro e fora da traquéia e, consequentemente, para os pulmões durante a respiração.
Os sinais clínicos são característicos, com tosse produzida por exercício ou não, mímica de vômitos, sons anormais na região torácica, cianose (coloração azulada das mucosas e língua) e intolerância ao exercício. O problema é comumente observado em cães de meia idade ou idosos, em geral entre os seis a sete anos de vida. Entretanto, temos diagnosticados casos em cães com idade entre um e cinco anos portadores de problemas respiratórios.
O exame radiográfico pode ser utilizado para a confirmação do diagnóstico. Exames de ultrassonografia, fluoroscopia e traqueoscopia também podem ser utilizados no diagnóstico definitivo.
Quanto ao tratamento, supressores de tosse têm sido usados para controlar os sinais e reduzir injúria crónica das vias aéreas. Alguns métodos cirúrgicos, como a aplicação de próteses nos anéis traqueais, já podem ser utilizados na terapia de animais jovens e sem doenças concomitantes. O diagnóstico inicial e o tratamento são realizados com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do animal.
Recentemente, alguns estudos vêm mostrando uma determinada melhora dos sinais clínicos com a administração de medicamentos utilizados para problemas articulares. A substância sulfato de condroitina parece promover um moderado enrijecimento da cartilagem traqueal em longo prazo.
Os animais portadores deste distúrbio não devem utilizar coleiras enforcadores, mas sim peitorais, com o objetivo de não exercer pressão sobre a traquéia o que pode ocasionar uma dificuldade respiratória ainda maior. Durante as crises procure deixar o animal quieto, mantendo-o mais calmo possível.
O prognóstico é bom para a maioria dos animais com colapso de traquéia inicial, mas a condição pode ser séria, com risco de vida quando a angústia respiratória ocorre. O proprietário deve estar ciente quanto à enfermidade, riscos e deve ser informado que a tosse provavelmente continuará a ocorrer em alguma intensidade, com melhoras e pioras.
Rafael Claro Marques
(CRMV-SP 18.840) é médico veterinário e pós-graduado em Clínica Médica de Pequenos Animais
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