Pouco mais de três anos após se desfazer do Grupo Multi, em negócio de R$ 2 bilhões fechado com a britânica Pearson, o empresário Carlos Wizard Martins está de volta ao setor de educação. Com o fim da cláusula de não-competição, expirada em fevereiro, o fundador do grupo que reunia marcas como a escola de ensino de idiomas Wizard e a rede de ensino profissionalizante Microlins anunciou ontem a compra de fatia da rede de inglês WiseUp.
Em acordo anunciado ontem, a Sforza, family office de Carlos Wizard, e a Santorini – empresa de investimentos de Charles Martins, filho do empresário – desembolsaram R$ 200 milhões para ficar 35% da WiseUp. “Back to the game! Fico muito feliz de retornar ao setor em um momento que o Brasil precisa tanto de mão de obra qualificada”, afirma Wizard. “Investimos na WiseUp porque queremos ganhar tempo. Nosso objetivo é, com a ajuda de aquisições, criar uma empresa com um valor de R$ 3 bilhões até 2020.”
Criada em 1995 pelo empresário Flavio Augusto da Silva, presidente da empresa, a rede de ensino de inglês está avaliada em R$ 570 milhões e espera fechar o ano com 320 unidades, 70 mil alunos e receita de R$ 400 milhões.
Segundo Wizard – que terá um assento no conselho de administração da companhia, assim como seu filho Charles -, já está em curso a negociação de uma aquisição, que deve ser anunciada dentro de 30 a 60 dias. O objetivo da WiseUp, que é focada no ensino de inglês para adultos, principalmente das classes A e B, é ter outras marcas que possam atender a outras faixas etárias e a públicos de renda mais baixa. A mensalidade média da rede é de R$ 600.
Revés
A história da WiseUp nos últimos anos é marcada por reveses. Em 2013, a empresa comprada por R$ 877 milhões pela Abril Educação – grupo que, um ano depois, foi adquirido pela gestora de investimentos Tarpon. No fim de 2015, Flávio Augusto recomprou a empresa que fundou por R$ 390 milhões, menos da metade do valor pelo qual vendera a rede.
“Quando vendi, não esperava ter de volta a companhia”, afirmou o empresário. Perguntado sobre o que pode ter acontecido, ele diz que tem apenas um “palpite”. “Um mês após a compra, faleceu Roberto Civita (herdeiro do grupo Abril) e, em seguida, a família passou a ter interesse em vender a Abril Educação (hoje, Somos Educação). Quando a Tarpon comprou o ativo, um ano depois, ainda levou um tempo para entender o negócio. Isso tudo acabou gerando um problema grande para a WiseUp”, diz o empresário. À época da recompra, a Somos Educação disse apenas que a WiseUp “tinha menos sinergia com os negócios prioritários do grupo”.
Segundo Flavio Augusto, quando foi vendida, a empresa tinha 400 escolas e um faturamento de cerca de R$ 240 milhões. Na recompra, a rede se resumia a 250 unidades, com receita de R$ 170 milhões. “No último ano, passei arrumando a casa. Remontamos o time, chamando de volta vários executivos que tinham saído. Retomei o contato com os franqueados e reduzi despesas, que estavam duas vezes maiores.”
Essa foi a quarta vez que Wizard e Flavio Augusto negociaram. Entre 2008 e 2011, o Grupo Multi fez três propostas de aquisição da WiseUp, que nunca foram para frente por não se chegar a um acordo sobre o valor.
Dessa vez, o negócio foi fechado em menos de dois meses. “Nos encontramos em Orlando e provoquei o Carlos perguntando se ele não tinha vontade de voltar ao mercado, porque eu estava precisando de um concorrente de peso. E as negociações começaram ali”, diz Flavio Augusto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.