Opinião

Casa Civil, um grande balcão a serviço de um partido

Ao apoiar a saída de Erenice Guerra, que durante a gestão de Dilma Rousseff à frente da Casa Civil foi o braço direito da ex-ministra e candidata do PT à Presidência, o presidente Luis Inácio Lula da Silva quis passar à nação um tom de austeridade. “Se alguém erra, seja quem for, que pague por seus erros” é a mensagem implícita. Porém, poucos dias antes, quando o escândalo eclodiu em reportagem publicada pela revista Veja, o próprio presidente e sua candidata foram a público dizer que se tratavam de factóides produzidos por parte da imprensa. Ora, se fossem apenas factóides, a demissão não seria necessária.


 


Tudo pararia por aí não fosse a avalanche de denúncias que se desencadeou a partir da primeira. Diferentes negócios foram feitos por pessoas próximas à ministra dentro do Palácio do Planalto, a poucos metros do gabinete da Presidência. Da mesmo forma como reagiu no episódio do Mensalão, Lula passa ao País a ideia de que não sabia de nada, como se isso fosse possível. Dilma, na mesma balada, segue o caminho do presidente. Esquece-se que foi ela que conduziu Erenice ao cargo. Como apregoa a campanha do candidato do PSDB, José Serra, “difícil que não soubesse dos esquemas que se construíram ao seu redor. E mesmo assim, se não sabia, pior já que demonstra confiar em pessoas erradas”.


 


De todas as formas, assim como no primeiro mandato de Lula, quando o escândalo do Mensalão derrubou ninguém mais do que José Dirceu, a grande cabeça pensante do PT, que voltará numa possível vitória de Dilma, a Casa Civil se transformou em um verdadeiro balcão de negócios escusos, ligados à Presidência da República. Por mais evidências que se apresentem, o PT garante que tudo não passa de denúncias vazias em tempos de campanha eleitoral. Repita-se: se fosse assim, as seguidas demissões que se fazem no círculo próximo de Erenice poderiam ser injustas. Ao demitir, Lula – por mais que queira demonstrar austeridade – confirma toda a sujeira que existe a sua volta.


 


Porém, a contar pelas últimas pesquisas eleitorais, todas as denúncias e o escândalo que batem na porta de Dilma, a população parece não se preocupar com tudo de grave que existe à sua volta. Prefere acreditar que os esquemas montados não interferem diretamente em suas vidas. Cria-se no Brasil uma nova versão do “rouba, mas faz” que levou o deputado federal Paulo Maluf a vencer seguidas eleições e a se manter vivo no espectro político brasileiro. Hoje, concorre à reeleição na Câmara Federal por conta de uma liminar, já que está enquadrado entre os fichas-sujas. Mesmo assim, o eleitor não se dá conta de que tudo isso atenta contra si próprio.


 


Não à toa, um sujeito como o Tiririca aparece como o provável candidato a deputado federal mais votado do País, numa evidente demonstração de que o brasileiro perdeu muitas referências sobre o estado democrático. Tanto é assim que, dependendo dos resultados das eleições, o Brasil caminha a passos largos para uma situação lamentável. Em um regime totalitarista como se desenha, não existe espaço algum para o debate de ideias. E os recados vêm sendo dados sistematicamente. 

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