A instalação de ciclofaixas em São Paulo tem alimentado as esperanças das pequenas marcas brasileiras de bicicletas elétricas. O mercado, que nos últimos anos atrai a atenção do empreendedor, ainda não se consolidou no País como em outros locais. Agora, contudo, os fabricantes esperam que toda a discussão em torno da mobilidade suscitada pela nova política impulsione as vendas do setor.
“(As ciclofaixas) resolvem um dos principais problemas dos ciclistas, que é a segurança”, diz Ricardo de Féo, fundador da General Wings. “Hoje são elas que impulsionam o meu negócio”, afirma o empresário, que faturou R$ 2 milhões em 2013 e, neste ano, espera incremento de 30% nas receitas.
Ricardo de Féo não é o único animado. Como ele, existem entre 40 e 45 outras empresas que apostaram no nicho como uma alternativa de transporte no Brasil, segundo estimativas da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE). Um segmento que se por aqui ainda é tratado como novidade, já é realidade em franca expansão na Europa, onde atrai inclusive a atenção de montadoras como Peugeot e Audi, e também na China, que vendeu em 2013, por exemplo, mais bicicletas elétricas do que carros.
Contudo, no Brasil, representantes do setor alegam que o alto custo de produção espanta o consumidor. Na General Wings, por exemplo, as opções giram entre R$ 2.580 e R$ 3.980. Dois motivos corroboram para esse valor. O primeiro é que os principais componentes são importados (a bateria e o motor respondem por até 80% do valor final da bicicleta). E o segundo diz respeito a falta de uma regulamentação específica para o produto. Com isso, o Imposto sobre Produtos Industrializados que recai sobre a categoria é de 35%, o mesmo dos veículos ciclomotores. Como comparação, uma bicicleta comum conta com 10% de IPI.
Na opinião do diretor da ABVE, Island Faria Costa, um dos impactos da falta de consolidação do setor reflete-se no pouco desenvolvimento das empresas. “Praticamente todas elas têm entre três e sete anos e todas são pequenas e médias. Algumas grandes chegaram a investir no mercado, uma delas já desistiu”, afirma. Ele acredita, no entanto, que o número de vendas no Brasil possa se multiplicar nos três ou quatro nos anos seguintes. “Podemos conseguir alguns avanços na área de tributação porque algumas montadoras como Toyota e BMW estão querendo trazer seus veículos elétricos para o País”, analisa.
Entregas
Enquanto se discute alternativas para impulsionar as vendas ao consumidor final, há quem acredite no potencial do produto para o mercado corporativo. A Ecostart, das empresárias Sandra e Giselle Spence, é um exemplo. A empresa sediada em Leme vendeu 1,5 mil unidades em 2013 entre bicicletas e triciclos elétricos. Desde o ano passado, ela participou de dois testes envolvendo grandes empresas que avaliam o uso de bicicletas elétricas para o serviço de entrega. Os Correios fizeram testes de curta duração durante um ano e a Natura trabalha de maneira piloto com duas bicicletas da Ecostart. “Acho positivo, já que fora do Brasil é uma realidade os serviços de entrega se utilizarem desse modal”, afirma Giselle Spence. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.