Cidades

Cidade não conta com dados precisos sobre violência contra a mulher

Diante desta realidade, o 11º Mês de Gênero terá pela primeira vez o tema "Violência contra a Mulher - Melhor Prevenir... do que Chorar! Pela Autonomia Financeira da Mulher"

Apesar dos nove casos de mulheres assassinadas por seus próprios parceiros na cidade só no ano passado, dentre as quais está a advogada Mércia Nakashima, cujo principal supeito por sua morte é o o ex-namorado, o município ainda é deficiente em números indicadores de violência contra o gênero. É o que afirma a coordenadora da Coordenadoria da Mulher, Hedy Maselli. "O que temos são casos alarmantes, que exigem maior reflexão".

Em 2010, a coordenadoria atendeu 406 mulheres vítimas de violência. O número se aproxima do registrado em 2009, 410. Os dois últimos anos superam os números de 2008, quando 300 mulheres passaram pela casa. Na Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude (Asbrad), com sede em Guarulhos, dos 40 mil atendimentos realizados nos últimos anos, 70% envolviam mulheres vítimas de violência doméstica ou sexual. Dalila Figueiredo, presidente da entidade, explica que nos últimos cinco anos foi observado aumento de casos agravados em decorrência de agressores usuários de drogas e alcoólatras.

Diante desta realidade, o 11º Mês de Gênero, promovido pela Prefeitura, terá pela primeira vez o tema "Violência contra a Mulher – Melhor Prevenir… do que Chorar! Pela Autonomia Financeira da Mulher", tendo início com um manifesto hoje no marco zero da cidade, no Calçadão.

Legislação – Hedy afirma que a lei Maria da Penha, instituída em 2006, foi um grande avanço na defesa dos direitos da mulher, mas destaca a necessidade de discussões entre governos para a criação de novos dispositivos.

Histórias da vida real – Aos 35 anos, uma guarulhense que prefere não se identificar fala do drama vivido com seu ex-marido. Mesmo após registrar um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher as ameaças continuam. "Ele me ameaça de morte, me faz passar por humilhações e me agride com xingamentos. Já cheguei a ter a cabeça cortada por ele", diz.

Com uma filha de dois anos, que também já foi agredida, a mulher busca ajuda para regularizar as visitas do pai à criança. "Não quero mais que ele se aproxime, tenho medo do que ele possa fazer", diz a vítima, que comenta a importância do apoio de amigas para ir em busca de seus direitos e segurança.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de metade das mulheres assassinadas são mortas pelo marido ou namorado, atual ou ex. Ainda de acordo com a OMS, a violência representa 7% de todas as mortes de mulheres entre 15 a 44 anos em todo o mundo.

Denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas por meio do Disque 180 da Central de Atendimento à Mulher. A ligação é gratuita.

 

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