Estadão

CNI vê perda de R$ 14,2 bi com crise hídrica

Os efeitos das medidas emergenciais para garantir o fornecimento de energia elétrica e evitar apagões vão se prolongar para o próximo ano, quando o presidente Jair Bolsonaro deve tentar a reeleição. De acordo com estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a alta no custo da energia resultará em uma queda de R$ 14,2 bilhões (a preços de 2020) no Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, em comparação com o que ocorreria sem a crise energética no País. Isso vai representar um efeito de -0,19%. Para este ano, a projeção é de uma queda de R$ 8,2 bilhões.

O País enfrenta uma grave crise hidrológica, com a pior escassez nos reservatórios das usinas hidrelétricas nos últimos 91 anos. Para garantir o abastecimento, o governo tem adotado medidas como o acionamento emergencial de usinas térmicas e a importação de energia da Argentina e Uruguai.

As ações, no entanto, levaram a sucessivos aumentos nas contas de luz, engolindo parte da renda disponível das famílias para a compra de produtos e bens. De acordo com estudo da CNI, essa redução na demanda vai causar um efeito em toda a cadeia até a ponta da indústria. Também há impacto no custo de empresas que fabricam bens industriais, já que muitos desses setores fazem uso intensivo de energia elétrica.

<b> EFEITO DOMINÓ </b>

"Esse aumento do preço da energia forma um efeito dominó que alcança toda a cadeia produtiva, e vai resultar em aumento de preço para os consumidores e em inflação, o que reduz o poder de compra", explica a economista da CNI e autora do estudo, Maria Carolina Marques. Segundo a especialista, o cenário também resulta em aumento dos preços de produtos nacionais em relação aos importados.

"Com a demanda mais baixa, a produção se reduz ainda mais, reforçando o efeito negativo ao longo das cadeias de produção. Isso faz com que seja necessário reduzir a quantidade de trabalhadores. Com as demissões, a renda das famílias se reduz ainda mais, reforçando novamente o ciclo negativo", diz o estudo. De acordo com os dados da CNI, o impacto sobre o emprego em 2022 é estimado em perda de cerca de 290 mil empregos, em relação à quantidade de pessoas ocupadas entre abril e junho de 2021. Já o consumo das famílias deve ser reduzido em R$ 12,1 bilhões (a preços de 2020).

Este cenário se desenha em um momento em que a inflação já está pressionada por elevações nos preços de alimentos e combustíveis, ficando fora da meta perseguida pelo Banco Central. Com isso, o BC é forçado a elevar ainda mais a taxa de juros, reduzindo o crescimento econômico. Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) voltou a aumentar o ritmo de subida de juros e elevou a Selic em 1,50 ponto porcentual, de 6,25% para 7,75% ao ano. O Copom também sinalizou que deve fazer um novo ajuste de 1,50 ponto na próxima reunião, em dezembro.

De acordo com a economista, o estudo identifica apenas uma parte do impacto negativo do aumento no preço da energia e que há lacunas, já que não é possível mensurar os efeitos para empresas que atuam no mercado livre de energia – onde podem negociar direto com as comercializadoras.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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