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COB reforça importância de cuidar da saúde mental dos atletas

Os Jogos Olímpicos de Tóquio evidenciaram como a saúde mental é importante para os atletas. A ginasta Simone Biles, dos Estados Unidos, não conseguiu competir em plena forma por causa de um esgotamento emocional. Quem também vem mostrando essa situação no esporte é a tenista Naomi Osaka, do Japão.

Atento aos cuidados que os atletas precisam ter, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) vem reforçando a importância do trabalho de saúde mental com eles e aproveitou o Setembro Amarelo, mês que se refere a uma campanha mundial sobre prevenção ao suicídio, para evidenciar como o esporte pode ajudar a diminuir esse grave problema social.

"Costumamos falar na medicina esportiva que exercício é remédio", diz Ana Carolina Côrte, coordenadora médica do COB. "Os exercícios físicos são muito importantes no progresso da saúde mental da população em geral. Estudos relatam a diminuição da incidência de depressão com a prática de atividades esportivas, por causa de neurotransmissores e hormônios que levam a sentimentos de prazer", continua.

O COB desenvolve um trabalho de longo prazo com os esportistas do Time Brasil e conta com uma equipe de profissionais de saúde mental formada por dez psicólogos, além de um psiquiatra e um coach. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países de maior prevalência à depressão, principal fator de risco que leva ao suicídio.

"A saúde mental é um dos pilares mais relevantes dentro do contexto esportivo. Por muito tempo, os cuidados foram voltados ao eixo treino-dieta-sono. No entanto, nas últimas décadas, o tema vem ganhando a devida atenção pela própria influência que exerce nesses âmbitos. Para o atleta, é crucial estar bem consigo mesmo, em harmonia com o meio externo, para ter sucesso na rotina alimentar, na qualidade do sono e no desempenho em treinos e competições", explica Hélio Fadel, psiquiatra que presta serviços ao COB.

O especialista lembra que a saúde mental rege diversos domínios do ser humano e acaba sendo determinante para a evolução ou insucesso do atleta, tanto na qualidade de vida como na performance. "Apesar da prática de atividades físicas ser essencial para a saúde, o alto rendimento é capaz de levar o atleta à exaustão física e mental, de modo que a assistência a esse grupo deve ser a mais completa e humanizada possível", avisa.

Exaustão mental foi o que ocorreu com Simone Biles. E isso poderia ter acontecido com a ginasta brasileira Rebeca Andrade, que lidou com muitas angústias após se contundir mais uma vez gravemente em 2019. "Eu me cobrava muito e, quando não atingia a perfeição, ficava muito mal. A psicóloga me ensinou a trabalhar isso dentro da minha mente. Por isso cheguei tão bem em Tóquio", diz a atleta, que ganhou uma medalha de ouro e uma de prata na Olimpíada.

"A psicologia sempre foi muito importante na minha carreira. Ter uma profissional voltada a isso, que entenda a vida do atleta e tudo que o esporte exige, é muito bom. Ela acompanhou os bons e maus momentos da minha carreira e foi fundamental para o meu crescimento na ginástica. Isso me ajudou muito a alcançar meus objetivos e conquistar medalhas em Tóquio. Tudo isso foi um processo, e precisei trabalhar muito para ter certeza que estava pronta", continua a ginasta de 22 anos.

O psiquiatra Fadel lembra que algumas linhas de estudo discutem que, para certos atletas, o alto rendimento é um fator de risco para o surgimento de patologias mentais – e também na potencialização de quadros pré-existentes. "Ninguém está imune a essas patologias. Se perceber que não está se sentindo bem, peça ajuda. Não existe isso de que depressão ou ansiedade são sinais de fraqueza", adverte o especialista.

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