A inflação na capital paulista acelerou entre a primeira leitura do mês e a seguinte, passando de 0,79% para 0,89%, principalmente por causa da alta mais acentuada nos preços dos alimentos e dos combustíveis. A avaliação foi feita nesta terça-feira, 20, pelo coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), André Chagas, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Com isso, e diante da continuidade de novas altas em Alimentação e em Transportes, Chagas alterou a previsão para o IPC do fim de outubro, de 0,79% para 0,85%.
Enquanto a gasolina ficou 3,12% mais cara, o etanol subiu 9,87% no IPC da segunda quadrissemana de outubro – últimos 30 dias terminados na quinta-feira, 15. “O comportamento do etanol está bastante peculiar e foge um pouco do visto em anos anteriores. O IPC começou a captar o movimento”, disse.
Segundo Chagas, a alta da gasolina reflete não só o reajuste autorizado recentemente pela Petrobras, mas também o repasse do encarecimento do álcool combustível sobre a gasolina, que tem 27,5% de etanol em sua composição. “Juntos, responderam por 14,6% do resultado do IPC, de 0,89%”, explicou. O grupo Transportes, por sua vez, também subiu 0,89%, ante 0,46% na primeira quadrissemana do mês.
Além da aceleração do conjunto de preços de alimentos, a inflação na capital paulista avançou por causa do grupo Alimentação, que passou de 0,43% para 0,98%, influenciado em parte pela transferência do aumento dos preços no atacado. “Alimentos industrializados e semielaborados avançaram, refletindo o dólar alto, enquanto os in natura saíram de queda de 1,87% para alta de 0,21%, devido à sazonalidade desfavorável”, disse.
O segmentos dos alimentos industrializados teve variação de 0,71% (ante 0,47%) e o de semielaborados ficou em 1,79% (ante 1,48%), refletindo os efeitos da depreciação cambial. A expectativa, afirmou Chagas, era que os efeitos da elevação na taxa de juros inibisse a demanda e, consequentemente, reduzisse os preços, o que não está acontecendo.
“A alta do dólar está abrindo espaço para aumento dos preços, já que os importados estão subindo. Itens mais sensíveis como panificados, massas, derivados do leite e carnes estão avançando”, analisou.
O economista citou como exemplo o encarecimento de carnes como as de aves (8,17%) e as suínas (5,36%), enquanto as bovinas estão com alta mais modesta, de 0,49%. Além disso, mencionou os preços mais elevados do arroz (2,47%) e do feijão (1,10%). “Já nos in natura, houve aumento de frutas (1,94%) e verduras (5,09%), enquanto legumes (-2,04%) e tubérculos (-5,21%) caíram”, contou.
Projeção
Ao contrário de esperar pressão maior em Alimentação e Transportes nas próximas leituras do mês, Chagas acredita que o grupo Habitação pode dar certo alívio à inflação paulistana, devido à expectativa de redução na conta de luz.
O conjunto de preços desacelerou para 0,87% na segunda leitura de outubro (ante 1,26%). Chagas explicou que energia elétrica tende a pressionar menos o IPC, em razão da redução nas alíquotas de PIS/Cofins e da queda na tarifa da bandeira vermelha recentemente.
Dois dígitos
Para o fim de 2015, a estimativa para o IPC ainda está em 9,50%, mas Chagas sinalizou que irá alterar a projeção nas próximas semanas. “Considerando que em outubro de 2014, o IPC foi de 0,37% e nossa previsão é de 0,85% para este mês, a taxa acumulada em 12 meses vai subir. Se em novembro e dezembro, as taxas forem mais de 0,50%, o acumulado do ano já vai estourar 10%”, admitiu.